27/12/2014

Zé Dirceu, gênio do mal bastante trapalhão

         Zé Dirceu é um gênio do mal bem trapalhão. Seu saco de maldades ainda não está vazio. Esperemos para ver de que ele ainda será capaz de aprontar até à morte. Deve viver ainda uns quarenta anos, pois, como diz a sábia gente do interior, erva ruim geada não mata...
         Confesso que já tive alguma simpatia por ele. Sua imagem se misturou por uns tempos à imagem dos operários do ABC Paulista. Sua transformação em gênio do mal foi rápida. Parece que o gênio do mal estava à espera de seu líder abocanhar o poder para germinar com a força da boa semente. Minha simpatia por ele esvaiu-se junto com aqueles dossiês que ele inventava sobre alguém que ele queria botar pra fora do governo, no início do primeiro mandato de Lula. Eram feitos, esses dossiês, com grande crueldade e revelavam o caráter de quem os inventava. Coisa de crápula, não existe adjetivo melhor para definir o caráter de Zé Dirceu do que este: crápula. Quando não se tem nada para atacar alguém, inventa-se, este é o lema.
         Ainda bem que é trapalhão, erra na dose de suas maldades, e a maldade acaba se voltando contra ele. Não fosse isso, seria insuportável o convívio com ele. O povo unido teria de expulsá-lo do país ou apedrejá-lo.
         Se fosse mais esperto não teria caído na esparrela do Mensalão. Tem gente que rouba muito mais que ele e sai ileso. Ele não. Confiou tanto na impunidade que se deixou abocanhar por um simples Roberto Jeferson.
         Sua prisão foi meio cá meio lá. Quase que o soltam com pedido de desculpas, como fizeram com o ladrão Paulo Roberto Costa ao ser demitido da Petrobras. Não se deve, contudo, brincar com Zé Dirceu. Dê-lhe um celular de bom alcance e ele pode – se já não o faz – arrumar confusões e mamatas de porte mundial.
         No período eleitoral nada de braçada rumo ao pódio. Eu estava assessorando um político catarinense – Leonel Pavan, 2009/2010 – e as lideranças de PSDB, DEM e PMDB haviam firmado um pacto com ele, de que seria o candidato a governador apoiado pelo seu partido, o PSDB, em coligação com DEM e PMDB. Roeram a corda a algumas semanas antes da convenção partidária e deixaram o pobre Pavan a ver navios.
         Zé Dirceu mandava na revista Isto É, através de uma aliança com o dono Domingos Alzugaray. O bombardeio contra Pavan começara com uma denúncia de que ele “mordera” cem mil reais de uma empresa fluminense para impedir, como vice-governador, que ela tivesse seu cadastro de contribuinte cassado em Santa Catarina, onde tinha várias operações no comércio de combustíveis.
         A denúncia tinha um dos pés quebrados, pois a empresa “pagou” os cem mil reais a Pavan, mas mesmo assim teve seu alvará cassado. O caso teve uma repercussão espetaculosa, bem acima do que merecia, pois o que menos importava era condenar Leonel Pavan e sim fazê-lo desistir da candidatura. Como bom tribuno que é, Pavan paparia fácil aquelas eleições.
         No auge das repercussões sobre o caso, também inflamadas pelo blog de Zé Dirceu, sai uma revista Isto É, com duas páginas de mentiras contra Pavan, com um conteúdo com certeza orientado pelo chefe do Mensalão.
         Não se sabe ao certo qual foi a motivação de Zé Dirceu em entrar pesado nesse caso; há vários possíveis motivos:
1º)- Facilitar a vida da candidatura do PT em Santa Catarina, único partido que se preparava para enfrentar a coligação PSDB, DEM, PMDB, com Ideli Salvatti.
2º)- Nacionalizar e ampliar uma primeira denúncia de corrupção do PSDB, que viria a ser o grande adversário do PT nas eleições presidenciais de 2010.
3º)- Proteger seu grande amigo, Edson Piriquito, prefeito do Balneário de Camboriú, da ascensão de Leonel Pavan. Piriquito nasceu na política pelas mãos de Leonel, mas a partir de 1909 a sombra do padrinho começava a ofuscar o afilhado.
4º)- Um pouco de cada uma dessas coisas também é uma hipótese nada desprezível.
         A menção à amizade entre Dirceu e Edson Piriquito ilustra bem as benesses que o poder distribui a quem sabe usá-lo, da maneira mais despudorada. De vez em quando, Zé passava uns dias no mais aprazível balneário do Sul do país – Camboriú. Casa ampla, super confortável, de frente para o mar, despensa e geladeira lotadas com o bom e o melhor que se pode conseguir numa região litorânea, vinhos de primeiríssima qualidade, tudo era fornecido pela prefeitura por exigência do ilustre visitante. Moeda de troca oferecida por Zé Dirceu: agilização de processos do interesse do município na tramitação em Brasília.

(Caricatura de Zé Dirceu feita por Aroeira)


23/12/2014

De graça, nada, nada, naaada !

        Vejo no jornal de quarta-feira, 1ª página, “Governo e Petrobras saem em defesa DE GRAÇA” e eu mesmo concluo, é mentira e mentira da grossa, pois tanto um, governo, quanto o outro, Petrobras, não são de fazer nada “de graça”. Ou se oferece algum “cascalho” ou desista, vá bater em outra freguesia.
        É um sórdido trocadilho com o sobrenome da presidente da Petrobras, mas aos poucos vamos aprendendo a pensar assim mesmo. Tem de engraxar a mão dessa gente com pinta de gente séria de governo e da estatal, até pouco tempo símbolo da nacionalidade deste país varonil. Se FHC tivesse privatizado a Petrobras, hoje não estaríamos tão envergonhados de sermos brasileiros; é simples assim.
        Agora se entende porque tanta gente se insurgiu contra a privatização ampla, geral e irrestrita. Não queriam eliminar a possibilidade, de eles mesmos, de “esquerda”, tirar a sua casquinha (ou seria cascona?) da Petrobras e outros empreendimentos controlados pelo governo. O discurso anti-privatização ruiu ao som dos níqueis que caíram e ainda vão cair no bolso de tanta gente séria, inclusive no bolso do presidente do PSDB, já falecido, cujo nome, com razão, já esqueci, mas que, digamos assim, nos deixou uma triste memória.
        Não sei o que dizer e nem propor. A impressão é que não existe nada a fazer, a não ser privatizar tudo, Petrobras, Eletrobras, Correios, Caixa Econômica, Banco do Brasil, etc... mas privatizar mesmo, não essa privatização de “araque” feita na Vale do Rio Doce. Deixar todas essas empresas bem longe das garras dessa corja. Quem sabe se tivermos um governo pobre, mirradinho, as coisas não se ajeitam?


(Maria das Graças Foster - Presidente da Petrobras)
 

20/12/2014

Sinfonia di Laurinha I

        É inevitável: todo cadeirante tem seus dias ou momentos de depressão. Ainda outro dia, Daniela, minha nora, enviou-me um antidepressivo eficaz, na verdade, é um vídeo da minha netinha, Laura, tocando piano, minha única terapia contra os males da alma.
        Compartilho com vocês, meus queridos leitores, meu santo remédio com uma recomendação expressa: quem não tem uma Laurinha trate logo de arranjar.




18/12/2014

Amigos que me enchem de orgulho!

        Há amigos que sempre me encheram de orgulho, como, por exemplo, o pesquisador da Embrapa, Evaristo de Miranda, que acaba de conquistar o Prêmio do Mérito Agropecuário, não apenas por mais essa merecida honraria mas por toda uma vida dedicada ao Meio Ambiente e ao que este contribui para a melhora da qualidade de vida do Homem. Visitem o site do próprio Evaristo (http://www.evaristodemiranda.com.br) para obter mais informações sobre o prêmio, detalhes da biografia do autor, inclusive da sua bibliografia, extensa.
        Fui apresentado a Evaristo de Miranda por Rodrigo Mesquita na época em que trabalhamos na Agência Estado. Eu fui diretor comercial da empresa e Miranda era o responsável pelo Centro de Monitoramento por Satélite da Embrapa, em Campinas. Formamos sólida amizade, ele me alimentando de modo didático com seus conhecimentos nessa fascinante área de comunicação por satélite. Fui um aluno muito interessado e aplicado. Certa vez, incentivado pela Agência Estado, o Núcleo, coordenado por Evaristo, aceitou o desafio de criar um serviço de Probabilidade de Chuva, que mais tarde, depois de concluído, era entregue a assinantes da AE em meio a um serviço especializado em agropecuária fornecido pela Agência
        Eu acompanhei, fascinado, junto com Miranda, todo o desenvolvimento do produto do começo ao fim. Miranda aproximou do desenvolvimento mais duas respeitáveis entidades além da Embrapa: o Instituto Agronômico de Campinas - AIC e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE.
        O desafio foi ousado para a época. Primeiro, foram localizados os dados de registros pluviométricos armazenados em vários pontos do Brasil. Foram recolhidas séries históricas de até 80 anos de chuvas caídas e medidas por centenas de pluviômetros implantados em toda a parte. Depois, foram aplicados cálculos matemáticos pesados sobre essa enorme base de dados, numa sequência coordenada com maestria por Evaristo de Miranda. Resultado final: num simples computador, qualquer produtor rural ou pecuarista, depois de alguns cliques, era informado, de zero a cem por cento, qual era a probabilidade de chover – e em que volume – na sua região em uma semana, quinze dias, um mês. Ficou algo inacreditável!
        Sempre a trabalho, eu e Miranda viajamos inúmeras vezes de Campinas a São Paulo. Curioso, eu tirava o melhor proveito da companhia. “O que é microclima?” perguntei-lhe certa vez. E ele sempre didático me fez entender para sempre: “Repare nos taludes da rodovia, veja como a vegetação do lado esquerdo é muito diferente desta outra, do lado direito. São diferentes porque ambos os lados têm micro climas diferentes”. Entendi porque, já na época, alguns proprietários rurais mais esclarecidos contratavam especialistas para medir o microclima de suas propriedades para estabelecer indicações seguras das terras mais aconselháveis para esta ou para aquela cultura.
Foi um período muito rico em aprendizado.


(Evaristo recebendo o Prêmio de Mérito Agropecuário Deputado Homero Pereira)


15/12/2014

Triste época

        A crise da Petrobras é muito maior do que imagina a nossa vã filosofia. O tempo vai passar e ela vai ficar viva nos envergonhando ainda por anos a fio. Quem viver verá. Os garotinhos do PT e dos partidos aliados foram longe demais desta vez. Parece um cordão sem ponta pelo chão desenrolado...
        Foi acontecer logo na empresa mais internacional do país, com ações na Bolsa de Nova Iorque, refinaria em Pasadena e uma série de outras atividades em vários continentes, de modo que tudo o que acontece com ela aqui, reverbera fortemente no mundo inteiro. Foi o tempo em que se podia esconder sob o manto da fronteira um escândalo desse tamanho.
        O ano que vai começar dentro de algumas semanas – estejam certos, prezados brasileiros – terá início com novas denúncias e continuará com denúncia atrás de denuncia. Por enquanto, uma só secretária falou e trouxe à tona uma tsunami de denúncias, imaginem quando várias delas começarem também a por a boca no trombone, fora os office-boys que viram e perceberam coisas que não deveriam ver e nem perceber e que podem da mesma forma falar aos microfones... Quantas secretárias e quantos office-boys haverá numa empresa desse porte?
        Nós que estamos de fora só podemos exortá-los com um poeminha, ou, cantiga, não sei, que uma vez vi escrito nas paredes de um banheiro de um posto de gasolina no retorno de uma viagem que fiz ao Rio de Janeiro:
“Falem, falem gente boa; falar é a sinfonia do Universo; meu primo morreu falando e falando  eu fiz este verso”.
Agora experimentem trocar o verbo falar por outro, típico, para definir o que todos fazemos no banheiro e o que fizeram na Petrobras. Fica perfeito, não é mesmo?


 

 

12/12/2014

Rodrigo Mesquita, amizade que se aprofundou na cancha de bocha

        Há sempre um idiota, aqui e ali, a achar que não pode existir amizade leal e sincera, entre patrão e empregado, igual esta que passou a haver entre eu e Rodrigo Mesquita, filho de Rui Mesquita, herdeiro e acionista do Grupo Estado, onde trabalhei por mais de 20 anos. Nunca dei nenhuma bola para eles, e, quando exageram, reajo com indignação.
        Quem presenciou meu relacionamento com Rodrigo durante aqueles dez anos que, sob a liderança dele, conseguimos tirar a Agência Estado do quase ostracismo para transformá-la num símbolo de modernidade de fazer inveja a todas as demais mídias do País, sabe dizer o quanto fui profissional, sem espaço para sabujismo, puxa-saquismo, e outros “ismos”, sinônimos de submissão ou falta de caráter.
        Nossa amizade, pode-se dizer, teve três fases; começou com a preocupação com a preservação ambiental; Rodrigo e seu amigo Randau Marques, repórter especializado em meio ambiente do Jornal da Tarde, dedicavam grande parte de seu tempo à luta pela preservação da região de Iguape-Cananéia, último reduto de Mata Atlântica ainda razoavelmente preservado; nessa época, Rodrigo estava a caminho de se tornar editor-chefe do Jornal da Tarde e eu já era chefe da Sucursal do Paraná que atendia os interesses de ambos os jornais da família Mesquita – Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde.
        Rodrigo pautava a sucursal e eu colocava sempre os melhores repórteres da sucursal para atendê-lo. Seu repórter preferido era ninguém mais que o hoje famoso Laurentino Gomes. Havia uma oportuna conjunção de interesses em atender bem os pedidos de um Mesquita, em primeiro lugar porque todos os repórteres adoravam escrever para o Jornal da Tarde pela dignidade com que aproveitava  os materiais sobre assuntos de seu especial interesse. E atrás do Laurentino eu mesmo ia me enfiando até tornar-me sócio fundador da SOS Mata Atlântica.
        A segunda fase foi aquela em que trabalhamos juntos – 1988 a 1998 – na Agência Estado, ele como diretor geral e eu, começando como editor-executivo, tornei-me diretor comercial, cuidando de uma equipe de quase 200 vendedores e técnicos em informática espalhados por todo o país. Essa experiência valeu-me por dois ou três diplomas extras, fora o jornalismo: informática, marketing e gestão empresarial.
        A Agência Estado foi, antes de tudo, uma escola para mim. O trabalho, embora rico em aprendizado, era tenso nas 24 horas do dia, algo natural num empreendimento feito de pura inovação. Quando me afastei da Agência (1998), minha relação com Rodrigo estava muito desgastada, vínhamos tendo um atrito sério por dia. Comecei a sentir a hora que iríamos começar a nos desrespeitar. Apertei, para conseguir minha demissão. E ela veio.
        No último dia de trabalho, amistosamente, entreguei-lhe um bilhete em que sugeria o início da terceira fase, que perdura até os dias de hoje. Escrevi: “A partir de hoje não deveríamos mais voltar a trabalhar juntos; ficarmos apenas como parceiros de bocha”.


(Caricatura de Rodrigo Mesquita feita por Marguerita Bornstein)

11/12/2014

João Vitamina, humor de qualidade nas canchas de bocha

        Os passageiros já estavam em seus assentos - João Vitamina começando a contar uma de suas anedotas a seus amigos da bocha - e todos, 235 deles, num jato de última geração, aguardavam a chegada do comandante para iniciar o voo; de repente, aparece um homem de óculos escuros, bengala, tateando o piso: “é cego”, alguns gritaram já espantados; ainda não refeitos do susto pela descoberta, veem entrando na cabine de comando outro homem, também de óculos escuros, bengala, tateando o piso. “O subcomandante também é cego!”, gritaram outros enquanto procuravam a porta de saída, já fechada!
        Todos, rezando, tiveram de segurar o tranco em seus lugares. Turbinas ligadas, o avião começou a correr na pista rumo à decolagem; corre, corre e corre, sempre aumentando a velocidade; quem estava na janela viu que a pista estava acabando e de repente todos soltaram um só grito – EEEI! – e ao mesmo tempo o avião decola, macio, suave, para ganhar as alturas.
        Comentário do subcomandante ao comandante quando o Boeing já estava a dez mil metros de altura e em velocidade cruzeiro:
- No dia que essa galera não gritar estaremos ferrados, hem comandante !?
        João Vitamina na cancha, ou seja lá onde estiver, a alegria estará junto. Sempre foi assim. Quando ele vem em casa, fico preparado com a certeza de que darei muitas risadas. Não faz muito tempo surpreendi-o olhando para uns quadrinhos que tenho na parede: fotos antigas de uma baleia sendo arpoada e arrastada para a praia; é normal as fotos despertarem admiração e tristeza. A reação de Vitamina foi inversa:
- É isso mesmo, tem de matar esse bicho safado!
- Que isso João? Como pode dizer uma coisa dessas? - reagi indignado.
- É isso mesmo. Tem de matar. E sabe por quê? Um bicho desses come uma tonelada de sardinha por dia e a carne dele não há Cristo que consiga comer- restou-me dar risadas.
        Num outro dia ele reaparece, depois de ficar uns dias sumido. Contou que tinha viajado para o Mato Grosso para passar uns dias na fazenda de um amigo. Voltou cheio de histórias. Uma delas:
- Uma tarde o capataz da fazenda me convida para dar um passeio a cavalo e trazer para o curral um tourinho que estava atacado de carrapatos. Nunca vi um negócio daqueles, tinha tanto carrapato grudado no couro do bicho que não havia espaço para encostar a ponta de um dedo. Chamei o dono da fazenda e aconselhei: ao invés de matar os carrapatos, melhor matar o touro.
        No sábado em que me levaram de cadeira de rodas à cancha de bocha da Fazenda Barreiros, em Louveira, João Vitamina se antecipou a mim e chegou lá bem mais cedo. Encontrei-o à beira da piscina quase matando Rodrigo Mesquita de tanto rir.


(Título: Chupa porcada!  -  Foto de João Vitamina em 1981)

09/12/2014

Diogo e Guilherme, representantes da meninada da bocha

        Localizada nas cercanias de Louveira – aquele município da região de Campinas onde apareceu uma santa que chorava – a Fazenda Barreiros é o recanto onde um dos ramos da família Mesquita, dona do ainda mais influente jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo, recarrega baterias aos fins de semana, ou seja, repousa, descansa, depois de uma semana de trabalho estafante. Embaixo, foi erguido um casarão, onde já se hospedou, para orgulho da família, sua admiradora, o controvertido Carlos Lacerda, entre muitas outras personalidades marcantes da história do Brasil.
        Acima do casarão, está a piscina, hoje circundada por palmeiras imperiais que o tempo se incumbiu de deixar ano após ano mais majestosas e elegantes; acima da piscina, em meio a um bosque de árvores nativas, frequentadas por esquilos, macacos, e jacus ergueu-se uma cancha de bocha há uns dez anos ou mais por iniciativa de um dos filhos de Rui Mesquita, Rodrigo.
        É engraçada essa tal de bocha, tida ainda hoje como jogo para velhos, mas que na Fazenda Barreiros é a única distração, mais que a piscina, que consegue manter meninos e meninas, adolescentes, jovens de todas as idades, afastados por algumas horas dos celulares, tablets, e leptopes. Só vendo para crer.
        Os filhos dos Mesquitas, que já são muitos, se misturam aos filhos dos amigos da família para formar um interminável cordão de bochófilos que inunda a cancha todos os fins de semana. Diogo (filho de Rodrigo) e seu amigo Guilherme, ambos com mais de vinte anos, participaram entusiasmados do Evento de Recepção ao Pio, este velho jornalista que vos escreve e que em julho de 2013 sofreu um AVC, baixou em cadeira de rodas.         Rodrigo Mesquita, com quem trabalhei durante uns 15 anos, é que planejou levar-me com cadeira de rodas e tudo, lá para cima, passar uma tarde participando da grande farra que a bocha propicia.
        Diogo e Guilherme foram os primeiros a agarrarem- se à cadeira de rodas para impulsioná-la para cima. Pela frente, havia uns 20 degraus de escada a vencer; degraus cobertos de árvores e, portanto, lisos, escorregadios, apesar da estiagem que também ali tem sido impiedosa; era tanto o desejo de me ver lá em cima que todos se superaram e eu cheguei lá em minutos e sem ao menos sentir o tamanho da escalada.
        Lembrei-me de um dia há meses atrás em que estava com a gente meu amigo Coringa. A bocha havia começado por volta do meio dia e permanecemos o tempo inteiro misturados a um bando de meninos e meninas entusiasmados pelo jogo. Anoiteceu e ainda estávamos lá. Lembro-me que naquela noite Coringa sentiu vontade de cantar. Ele canta pelos bares de Campinas, onde mora, e tem uma voz bem interessante.
        Descemos todos para o casarão. Formamos na sala uma bela roda de cantoria. De repente vejo que a meninada começou a deixar a sala, antes de Coringa iniciar sua canja. Desapareceram mesmo! Todos! Passou mais ou menos meia hora e resolvi apurar para onde haviam ido. Não foi difícil descobrir. Abri uma porta adjacente à sala e vejo todos eles, de banho tomado, deitados sobre camas, operando seus tablets e leptops. A música popular brasileira de um repertório de muito bom gosto perdeu para a bocha de sete a um.
        Desde que os padres descobriram a santa chorona, a praça central de Louveira vivia entulhada de ônibus de romeiros vindos de todos os lugares. Um dia o bispo mandou a santa embora para bem longe e a praça se esvaziou.


(Santa que chora da Igreja de Louveira)
 

07/12/2014

Martins, a amizade que já nasceu sólida

        Martins é um cara que libera generosidade pelos poros. É tudo o que uma pessoa precisa fazer para me cativar.
        Quando eu descobri o Bar do Concórdia, em Valinhos, ele já era um assíduo frequentador do lugar. Tem um jeito engraçado de jogar bocha. Chama a si mesmo de jogador de “design” – ele pronuncia direitinho, “disaine”, pelo aprendizado da vida – e quando solta uma bocha meio torta e é gozado por alguém da plateia, fica irado e protesta:

- Que isso rapaz? Vê se me respeita, eu sou um jogador de disaine.
        Um belo dia, quando já havia me afeiçoado a ele, Martins desaparece. Ficamos todos ali na expectativa de revê-lo e nada, nadinha da Silva. Eu reuni alguns amigos mais chegados - Zezé (já falecido, morte terrível, de Alzheimer), Chico Total (também já falecido em consequência da hepatite C), Coringa, Claudio Seleiro e não lembro mais quem e fomos numa comitiva de amigos da bocha à casa de Martins, num bairro afastado de Valinhos; atendeu-nos à porta um dos filhos dele que revelou seu paradeiro depois  de insistentes perguntas formuladas pelo amigo-jornalista, este que vos escreve. Foi difícil, mas conseguimos arrancar do garoto, envergonhado, a verdadeira causa do sumiço do nosso companheiro de bocha:
- Meu pai está preso no cadeião de Jundiaí.
        Ficamos perplexos e apreensivos. Nervoso, o garoto quase não consegue nos dizer a causa, balbuciou qualquer coisa relacionada a sonegação de impostos. Não demorou para que a perplexidade dos amigos fosse transformada em forte indignação: Martins, nosso companheiro de bocha, fora engaiolado numa cadeia imunda de Jundiaí, porque deixara de recolher impostos para o tesouro estadual de uma firma fechada 20 anos passados em São Caetano do Sul e por força de um punhado de mandados de prisão já prescritos, mas que um juiz revalidou instantaneamente quando foi informado que o “devedor” estava ali, disponível, numa delegacia de Jundiaí. Reparem que escrevi “devedor” entre aspas porque Martins havia dado máquinas de sua firma a um leiloeiro oficial para pagamento do débito mas ele desapareceu com elas assim que as recebeu. Martins, que já havia migrado para Valinhos, não sem antes quitar, centavo a centavo, o seu passivo trabalhista, só a caminho da prisão soube dos desvios de suas máquinas.
        Fomos visitá-lo. Dono de uma loja de tintas, Chico levou alguns galões de Suvinil para presentear o amigo; para não ficar na sela junto com dois estupradores Martins contava com a boa vontade da carceragem que o liberava, durante o dia, para pintar as paredes da cadeia. Lá ficou quase um mês, impiedosamente. Saiu depois de pagar 32 mil reais, dos quais eu lhe emprestei 12 mil. Não tinha esse dinheiro disponível, mas saquei no cheque especial. Martins devolveu-me centavo a centavo do dinheiro em poucos dias depois de solto. Alguns amigos me censuraram por ter confiado tanto em alguém que acabara de conhecer e eu sempre reagi a eles com um certo destempero, dizendo “se os amigos não servem para nada nestas horas, para que servem?”
        Além de vários traumas – Martins teve de passar  acordado  todas as noites que passou na cadeia ao som de um interminável “TIM-TIM” que era  produzido pelos  presidiários tentando cavar um buraco na cela para apanhar os estupradores que estavam com ele – viveu a angústia de não saber quando terminaria seu calvário.     Naquele mês eu trabalhei mais no caso dele – indo e voltando do ABC Paulista em companhia de advogados e de seu filho mais velho – do que para a Gazeta Mercantil, onde era diretor.
        Demorou, mas vencemos a cruel burocracia e os sangue-sugas da Justiça e libertamos o amigo.        Comemoramos a liberdade numa pizzaria de Jundiaí.
        O jornal O Estado de São Paulo e a revista Isto é, na época comandada pelo meu amigo Hélio Melo, fizeram reportagem sobre o caso. O texto do Estadão foi muito confuso para irritação do doutor Rui Mesquita que comandava o jornal naquela época e sempre interessado nos assuntos que envolviam a pequena empresa.
        Martins ainda sofre com o episódio. Tem uma pequena metalúrgica em Valinhos e até hoje não se reequilibrou financeiramente. Há pouco tempo venceu o licenciamento de seu carro e por falta de dinheiro não consegue renovar. Está à pé. E por causa disso reduziu muito as visitas que me fazia, semanalmente. Vem em casa de carona com algum amigo comum. Ele me faz muita falta.

06/12/2014

Taraira, correndo com esperança de não alcançar

        Tomada era um crioulo forte, alto e carrancudo que alguns anos antes de ser morto a tiros pela polícia de Valinhos refugiou-se no Bar do Paiol, como fazem muitos outros exemplares dessa “fauna” de alcoólatras, desocupados, ficha suja na polícia. É gente solitária, triste, desesperançada e que encontra nesse bar sossego, alguém que lhes pague um sanduíche de mortadela e algumas doses de cachaça ao dia. Ali dormem, bebem e comem, sem dever nada a ninguém, a não ser um ou outro favor aos donos, que pagam ao escorrer do tempo, sem cobranças e sem chateação.
        Taraira e Zé são os donos do Paiol, ou melhor, donos do prédio onde funciona o bar, arrendado a terceiros há vários anos porque nenhum dos dois  aguentava mais tanta chateação na lida diária com pinguços e desocupados. Até há uns três anos atrás os  donos do prédio seguravam o rojão, reclamavam muito da vida mas, seguravam.
        Taraira era amigo de Tomada e os dois viviam aprontando poucas e boas um com o outro; um dia Tomada exagerou na dose e Taraira se irritou. Saiu correndo atrás do amigo com intenção de dar-lhe uma boa surra. Taraira conta: “naquele dia, perdi a cabeça; saí no encalço dele e fui levá-lo até a praça lá da frente; na verdade, rezei para não alcançar, porque ele é muito maior que eu e se alcanço ele teria me espancado...”
        Taraira e Zé conheceram de perto, e por várias vezes, a terrível morte por alcoolismo. Taraira fazia um risco no corote de madeira, sempre cheio de cachaça, para cada cliente do Paiol que sucumbia. Uma vez vi-o comentando com amigos: “Ou esse pessoal para de morrer ou teremos que comprar um corote novo, nesse daí não tem mais espaço para eu fazer os meus risquinhos”.


(Corote, Tonel de Carvalho)

04/12/2014

Argentino, meu barbeiro nestes tempos de cadeirante

        Quando minha barba fica grande já começo a esperar pela visita dele, meu amigo Argentino. Ele vem geralmente de Louveira, traz pão e mortadela para tomarmos o lanche da tarde, faz minha barba, conversamos por uma ou duas horas e ele se vai, à noitezinha. Sai na hora de fazer a ronda pelas canchas de bocha de Louveira, Vinhedo ou Valinhos, onde os amigos o esperam. Ainda não posso, mas logo mais, já combinamos, ele vai me levar para esses passeios que eu fazia, invariavelmente, todas as noites. Preciso talvez de mais uma temporada de Lucy Montoro para ficar em condições de acompanhar meu amigo pela ronda bochófila, sem causar-lhe grande desconforto.
        Argentino tem uns dois anos a mais que eu, mas é forte como um touro. É, entre nós, o único jogador com cacife para encarar um adversário no “ponto-e-bota”, modalidade que exige arremesso pelo alto, descartando a bola adversária ao cair em cima dela. Na época das canchas de terra-socada era possível, no ponto e bota, trocar a bola adversária pela sua numa só pancada pelo alto. Hoje, os pisos das canchas são de material sintético, liso, de modo que a bola de quem arremessa não para mais no lugar. Essa cancha da Fazenda Barreiros, nas cercanias de Louveira, é das poucas a sobreviver com piso de saibro, isto porque Rodrigo Mesquita, jogador fanático da família, até agora resistiu à modernização.
        Argentino é uma “figura”, como dizemos na bocha. É um pouquinho gago e por isso sofre bullying nas canchas, mas ele não liga; quando é exagerado, manda todos à PQP e vai embora, procurar paz em outro canto, geralmente em outra cancha; se não está muito tarde, convida alguém e sai para comer uma pizza. Eu mesmo fiz companhia para ele muitas vezes.
        Uma vez, convidei-o e a outro amigo de bocha - Zé Carlos - para viajarmos durante um carnaval para Imbituba, Santa Catarina, onde na época eu tinha uma casa. Os dois toparam e lá fomos nós, de carro, levando com a gente um “fio-terra” – meu filho caçula, Ives, que não bebe e não fuma. Foi muito divertido, uma viagem do tipo inesquecível, especialmente para Zé Carlos que nunca se distanciara tanto de São Paulo. Argentino já era mais viajado, já havia ido até para Orlando, de avião, é claro.
        Minha casa ficava num vilarejo - Barra da Ibiraquera - em Imbituba, bem ao sul de Santa Catarina. Um lugar paradisíaco, onde montamos nosso quartel-general, de onda saíamos todos os dias para... ? Jogar bocha. Eu me fazia acompanhar de dois dos melhores jogadores da região de Campinas e era preciso aproveitar a supremacia e descer o pau nos catarinas. Na intenção, foi uma beleza. Na prática, nem tanto....
        Era sábado, estávamos voltando de um passeio a Vargem do Cedro quando notamos, já dentro de Imaruí, a meio caminho entre Ibiraquera e Vargem do Cedro, uma cancha de bocha bem à beira da rua; parei o carro, descemos sob o comando de um repto que eu mesmo lançara: “Vamos descer e dar uma surra bem dada nesses catarinas!” Não foi difícil arranjar adversário. Pareceu que quatro deles estavam à nossa espera. Quatro contra quatro, apostamos quatro cervejas por partida. Não posso dizer pelos meus parceiros, mas eu sofri ali a derrota mais acachapante da minha longa vida de jogador de bocha. Foi humilhante para nós quatro! E o pior: um de nossos adversários, um homem baixo, atarracado, com cheiro de peixe, nos levou até o portão de saída aos gritos de “querem mais? querem mais?”. Não, não quisemos mais. O desejo de todos era voltar para casa, já bêbados de tanta cerveja, envergonhados.


(Argentino na Cancha de Bocha)

03/12/2014

Martim e Coringa, ausências lamentadas

        Incentivado pelo pai, Rodrigo Mesquita, Martim começou a frequentar a cancha de bocha da Fazenda Barreiros ainda criança; nós, os meus amigos da bocha e que se tornaram amigos de Rodrigo, vimos Martim passar da infância à adolescência, e desta para a juventude, ali, jogando como fiel companheiro do pai; hoje, o menino virou o melhor ponteiro daquela cancha muito agradável, piso de saibro, madeirame robusto e bem implantado,  circundada por árvores de todos os lados e nas quais sempre avistamos esquilos, bugios e uma variedade de pássaros infindável, que nem os saguis - predadores de ovos e ninhos - conseguem exterminar.
        Entenda-se: existem duas especialidades na bocha, a do ponteiro, que rola a bola devagarinho e a faz parar próxima ao balim; e a do atirador, que arremessa a bola com força e expulsa a bola adversária das proximidades do balim. Bom, não preciso dizer que o objetivo do jogo é aproximar as suas bochas do balim e expulsar de perto dele as bochas do adversário. Balim é o nome de uma bola pequena que os jogadores atiram no fundo da cancha antes de iniciar a rodada e se transforma numa espécie de marco regulatório do jogo.
        Voltando ao Martim. Faz tempo que ele não aparece na bocha; assim que atingiu a maioridade seus pais o mandaram estudar fora, no exterior. “Ele é um gênio em Matemática”, dizem os irmãos, com orgulho.
        Lampejos dessa genialidade todos presenciamos na própria bocha; Martim era o único a acompanhar Coringa, auditor contábil, também dono de um raciocínio matemático rapidíssimo, na escalação dos times. Existem duas maneiras de escalar os times que vão disputar os torneios rápidos que se formam numa cancha de bocha quando há muitos jogadores: por pedra numerada colocada dentro de um saco de couro ou tecido ou, mais fácil e rápido, contar os dedos. Funciona assim: cada jogador define um número de dedos com uma das mãos; alguém, então, soma o número de dedos indicados; o valor da soma vai determinando os parceiros. O difícil é pegar atalhos e fazer a contagem rápida, em segundos. Difícil para nós, não para Martim e Coringa.
        Agora, adivinhem porque Edson Gasparotto adquiriu esse apelido - Coringa? Deixemos que ele mesmo nos conte: “Quando eu casei, há uns 20 anos atrás, minha mulher nunca tinha visto um baralho pela frente; com seis meses de casamento, ela já era a “rainha da tranca” em nosso bairro; tudo o que eu já sabia, ensinei para ela. Só largamos há pouco tempo quando comecei a me interessar por música. Hoje, acredito que consegui trocar as máquinas de bingo pelo violão, que toco razoavelmente”.
        A esperança dos amigos é que ele não largue o inofensivo e estimulante jogo de bocha. Ele faz falta em todas as canchas que eu costumava frequentar. É um líder natural do jogo e um inventor de expressões que ficam para sempre em cada cancha por onde passa. Exemplos: quando o seu parceiro - ou adversário - solta um ponto forte demais, Coringa grita “Ei, para onde vai essa vaca louca?”; hoje em dia é comum os jogadores, quando uma bola, também jogada a ponto, passa pelo balim e começa, ainda com força,  a tomar um rumo indesejável, gritarem, em outra invenção do Coringa, “essa vai para o esquisito”.
        São coisas assim que tornam esse jogo apaixonante, uma das atividades que mais me fazem falta hoje, na minha condição de cadeirante. Assim como Martim e Coringa fizeram falta em minha primeira visita, depois que sofri o AVC, à cancha de bocha de Fazenda Barreiros, que eu ajudei a construir há vários anos atrás.


 
(Foto da Cancha de Bocha da Fazenda Barreiro)


01/12/2014

Visita à cancha de bocha da Família Mesquita

        Foi mais fácil do que imaginávamos; dia 15 de novembro, um sábado, amigos me levaram, eu e a minha cadeira de rodas, para apreciar o jogo de bocha na Fazenda Barreiros, da família Mesquita, nas cercanias de Louveira, próxima à minha casa. Dessa vez não joguei, nem pude entrar na cancha, mas diverti-me bastante, brincando com os amigos, ouvindo anedotas contadas por João Vitamina, respirando ar puro, conversando com Rodrigo Mesquita, e comendo, sem abusar, um belo churrasco. Valeu muito a pena, tanto que combinamos repetir o “evento” uma vez por mês.
        Revi “amigos da bocha” que há tempos não via. Existe uma anedota que sintetiza a amizade e o clima entre jogadores de bocha. É antiga, mas vou contar para que todos entendam o que se conversa e se tricoteia ao redor de uma cancha em várias regiões do país. Um senhor de origem italiana, já avançado na idade, com mais de 80 anos, amanheceu com uma forte ereção; eufórico, gritou pela esposa e ela não demorou a entrar no quarto; assim que observou as razões de tanto entusiasmo começou a se despir; imediatamente, o marido fez o contrário; começou a por a roupa jogando assim um balde de água fria no desejo da companheira, que reclamou:
- Ora, pensei que você ia aproveitar para a gente coisá e você veste a roupa?
- Espera aí que primeiro eu preciso mostrar para aqueles “esquifosos” lá da bocha!
        A vida ao redor de uma cancha é assim mesmo, cheia dessa encantadora malícia da gente do interior. É isso que me fez gostar tanto dela. Cheguei à cancha naquele sábado de sol passando meio-dia e já me esperavam João Vitamina, Diogo (filho do Rodrigo), Guilherme (amigo de Diogo), Jean (advogado, amigo do Rodrigo), Rodrigo Mesquita, Taraíra (meu amigo, dono do Paiol, dos mais movimentados bares com cancha de bocha de Valinhos), Martins (é como um irmão), e meu filho Eder, gestor deste Blog, residente no Guarujá, tecnólogo em meio-ambiente, funcionário concursado da Sabesp. Eram duas horas da tarde quando chegou Argentino, um italiano quase setentão que adquiriu esse nome cheio de significados para quem ama futebol, mas é brasileiro.
        Lamentamos ali algumas ausências, a começar por Martim, filho do Rodrigo com Eliane Gamal, apaixonado por bocha desde criança. Estuda hoje no exterior e só por isso mesmo faltou ao Evento do Pio, como foi chamada, pelos participantes, a minha “viagem à cancha de bocha dos Mesquitas”. A segunda ausência notada foi a do Coringa (Edson Gasparotto) um dos meus mais diletos amigos da bocha de Valinhos, que há tempos não me visita. Amigos comuns o convidaram e ele alegou que tinha um compromisso importante de trabalho.
        Enquanto escrevia pensava que vários personagens da foto abaixo ligaram-se a mim por histórias engraçadas e trágicas e eu gostaria de contá-las todas para dividir com meus leitores emoções e sensações vividas. Contá-las num só “post” ficaria muito grande, perderia leitores. Decidi contá-las em vários capítulos, nos próximos dias, uma delas por dia, nesta ordem:
1ª) - Coringa e Martim, duas ausências lamentadas
2ª) - Argentino, meu barbeiro nestes tempos de cadeirante
3ª) - Taraira, aquele que corre com esperança de não alcançar
4ª) - Martins, uma amizade que já nasceu sólida
5ª) - Diogo e Guilherme, representantes da meninada da bocha
6ª) - João Vitamina, humor de qualidade no ambiente da bocha
7ª) - Rodrigo Mesquita, amizade que se aprofundou na cancha de bocha


 (Diogo, Argentino, Taraira, Martins, Rodrigo, Eder, Jean, Dirceu e João Vitamina)