Taraira e Zé são os donos do Paiol, ou melhor, donos do prédio onde funciona o bar, arrendado a terceiros há vários anos porque nenhum dos dois aguentava mais tanta chateação na lida diária com pinguços e desocupados. Até há uns três anos atrás os donos do prédio seguravam o rojão, reclamavam muito da vida mas, seguravam.
Taraira era amigo de Tomada e os dois viviam aprontando poucas e boas um com o outro; um dia Tomada exagerou na dose e Taraira se irritou. Saiu correndo atrás do amigo com intenção de dar-lhe uma boa surra. Taraira conta: “naquele dia, perdi a cabeça; saí no encalço dele e fui levá-lo até a praça lá da frente; na verdade, rezei para não alcançar, porque ele é muito maior que eu e se alcanço ele teria me espancado...”
Taraira e Zé conheceram de perto, e por várias vezes, a terrível morte por alcoolismo. Taraira fazia um risco no corote de madeira, sempre cheio de cachaça, para cada cliente do Paiol que sucumbia. Uma vez vi-o comentando com amigos: “Ou esse pessoal para de morrer ou teremos que comprar um corote novo, nesse daí não tem mais espaço para eu fazer os meus risquinhos”.
(Corote, Tonel de Carvalho)
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