Acima do casarão, está a piscina, hoje circundada por palmeiras imperiais que o tempo se incumbiu de deixar ano após ano mais majestosas e elegantes; acima da piscina, em meio a um bosque de árvores nativas, frequentadas por esquilos, macacos, e jacus ergueu-se uma cancha de bocha há uns dez anos ou mais por iniciativa de um dos filhos de Rui Mesquita, Rodrigo.
É engraçada essa tal de bocha, tida ainda hoje como jogo para velhos, mas que na Fazenda Barreiros é a única distração, mais que a piscina, que consegue manter meninos e meninas, adolescentes, jovens de todas as idades, afastados por algumas horas dos celulares, tablets, e leptopes. Só vendo para crer.
Os filhos dos Mesquitas, que já são muitos, se misturam aos filhos dos amigos da família para formar um interminável cordão de bochófilos que inunda a cancha todos os fins de semana. Diogo (filho de Rodrigo) e seu amigo Guilherme, ambos com mais de vinte anos, participaram entusiasmados do Evento de Recepção ao Pio, este velho jornalista que vos escreve e que em julho de 2013 sofreu um AVC, baixou em cadeira de rodas. Rodrigo Mesquita, com quem trabalhei durante uns 15 anos, é que planejou levar-me com cadeira de rodas e tudo, lá para cima, passar uma tarde participando da grande farra que a bocha propicia.
Diogo e Guilherme foram os primeiros a agarrarem- se à cadeira de rodas para impulsioná-la para cima. Pela frente, havia uns 20 degraus de escada a vencer; degraus cobertos de árvores e, portanto, lisos, escorregadios, apesar da estiagem que também ali tem sido impiedosa; era tanto o desejo de me ver lá em cima que todos se superaram e eu cheguei lá em minutos e sem ao menos sentir o tamanho da escalada.
Lembrei-me de um dia há meses atrás em que estava com a gente meu amigo Coringa. A bocha havia começado por volta do meio dia e permanecemos o tempo inteiro misturados a um bando de meninos e meninas entusiasmados pelo jogo. Anoiteceu e ainda estávamos lá. Lembro-me que naquela noite Coringa sentiu vontade de cantar. Ele canta pelos bares de Campinas, onde mora, e tem uma voz bem interessante.
Descemos todos para o casarão. Formamos na sala uma bela roda de cantoria. De repente vejo que a meninada começou a deixar a sala, antes de Coringa iniciar sua canja. Desapareceram mesmo! Todos! Passou mais ou menos meia hora e resolvi apurar para onde haviam ido. Não foi difícil descobrir. Abri uma porta adjacente à sala e vejo todos eles, de banho tomado, deitados sobre camas, operando seus tablets e leptops. A música popular brasileira de um repertório de muito bom gosto perdeu para a bocha de sete a um.
Desde que os padres descobriram a santa chorona, a praça central de Louveira vivia entulhada de ônibus de romeiros vindos de todos os lugares. Um dia o bispo mandou a santa embora para bem longe e a praça se esvaziou.
(Santa que chora da Igreja de Louveira)
VAMOS MARCAR MAIS VEZES ! ESTAVA OTIMO !!!! JOAO VITAMINA!
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