27/11/2019

O dia em que Deltan Dallagnol acertou na mosca


(Este artigo foi publicado em meu blog em janeiro de 2018... Republico agora em homenagem a Deltan Dalagnol)

        Quem se der ao trabalho de reler o depoimento de Emílio Odebrecht aos promotores da Lava Jato poderá começar a descobrir, se é que ainda não o fez, a grande fraude que sempre se escondeu atrás desse pernambucano de Caetés, 72 anos, que hoje perambula pelo país à caça de apoio para voltar ao poder neste 2018, Luiz Inácio Lula da Silva...

        O capo da Odebrecht descreve em minudências o caráter gelatinoso do líder sindical e o jeito promíscuo de ser do líder político, um continuou o outro sem nenhuma interrupção e qualquer concessão à Ética e à moralidade...

        Ah, mas essas são conclusões tiradas da versão de uma única pessoa!

        Nada disso! Há uma infinidade de outros depoimentos que corroboram as declarações do chefão da Odebrecht e, acima de tudo, há a confirmação pelo próprio Lula de que se tornou amigo de Emílio Odebrecht, de seu filho Marcello Odebrecht e de Léo Pinheiro, o presidente da OAS...

        Um jornalista não pode ser amigo da fonte e um líder operário não pode ser amigo dos patrões, a menos que não se importem em ser colocados sob suspeição...

        Há que se manter a chamada distância crítica – é o que a Ética recomenda. Jamais se pode encarar como normal e decente a amizade de um presidente da República com empreiteiros de obras públicas.

        Mas Luiz Inácio Lula da Silva, cuja ascensão como líder sindical o levou à presidência, quer que a sociedade enxergue como normal e insuspeita sua relação promíscua com empresários historicamente envolvidos em episódios de corrupção...

            30 ANOS DE INTIMIDADE

        A amizade de Lula com Emílio Odebrecht durou mais de 30 anos e foi feita de intensiva troca de favores que resultou no enriquecimento do ex-líder sindical e de toda a sua família – a esposa, filhos e até de um sobrinho obscuro, Taiguara Rodrigues dos Santos, que vivia, sem que ninguém soubesse, em plagas africanas...

        Foi o tucano Mário Covas quem apresentou Emilio Odebrecht a Lula e foi por assim dizer a junção da fome com a vontade de comer: “Lula criou as condições para que eu pudesse ter uma relação diferenciada com os sindicatos”, delatou Emilio...

        Nasceu a amizade e com ela a total promiscuidade:  a Odebrecht contribuiu para todas as campanhas de Lula. Quando o líder sindical virou presidente da República bastava que a empresa tivesse um problema, Emílio ia até o Palácio do Planalto pedir a intervenção direta do amigo... O empresário delatou também que todos os favores que recebeu do presidente ou do líder sindical foram regiamente pagos com dinheiro de caixa um ou caixa dois...

        O empresário que todos viam como grande corruptor usava os banheiros do Palácio do Planalto de porta aberta, como diz o populacho quando quer se referir a uma amizade levada aos extremos da intimidade...

        Emílio tinha total liberdade de ir até o presidente e reivindicar que negócios feitos pela Petrobras em prejuízo da Braskem (braço da Odebrecht no setor petroquímico) fossem desfeitos. Em outro momento, foi a Lula impedir que a Petrobras comprasse os ativos da Petroquímica Ipiranga, o que liquidaria os planos da subsidiária da Odebrecht de ampliar seus mercados.

        Dois anos depois de conseguir impedir a compra pela Petrobras, a própria Braskem comprou a Petroquímica Ipiranga. Tudo muito adequado aos interesses de ambas as partes.

         O TIRO DE DALLAGNOL FOI NO ALVO

        Já não se pode ter qualquer dúvida de que o Power Point do procurador Deltan Dallagnol, da Operação Lava Jato, acertara o alvo ao apresentar Luiz Inácio Lula da Silva como o poderoso chefão de todas as organizações criminosas que emergiram a partir de seu governo, penetrando o governo de Dilma Rousseff, da mesma forma envolvida em casos escabrosos de corrupção...

        Tanto Lula quanto Dilma tiveram conta corrente na empreiteira, roubo de milhões e milhões que tornam as propinas para a posse e reforma do Triplex do Guarujá, para a reforma do sítio de Atibaia, para a compra do terreno para o Instituto Lula, e a remuneração por palestras a 150/200 mil reais cada uma, dinheirinho de cachaça...

        A mesma intimidade que ele manteve com o pai, estabeleceu com o filho, Marcello, que assumiu o poder na empresa da família em 2009... Há vários episódios que demonstram isso, mas fiquemos com apenas um, sem qualquer dúvida, o mais forte para demonstrar a intimidade, a promiscuidade e o compadrio na relação de um governo com empreiteiras de obras públicas: fato inédito na história da República, reuniões de governo para acertar detalhes da construção da Arena Corinthians, em Itaquera, SP, erguida pela Odebrecht, eram realizadas na mansão de Marcello, a mesma onde ele vive hoje a reclusão imposta pela lei após cumprir parte da pena numa cela em Curitiba...

        Tanto Lula quanto Dilma tiveram também conta corrente de milhões na J&F, mas estes talvez sejam crimes que vão prescrever antes de serem totalmente apurados... Não é à toa que as organizações criminosas que açambarcaram grande parte do Congresso Nacional, que marcam forte presença nos demais poderes da República, combatam com tanto ardor e efetividade a Operação Lava Jato...

            E AINDA TEM PASADENA

        Cá no meu canto, tenho grande curiosidade em saber qual foi a propina que Lula e Dilma receberam na compra, pela Petrobras, de uma sucata chamada Pasadena.

        Fora a corrupção deslavada nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco; fora também a roubalheira de bilhões no BNDES para financiar a internacionalização do grupo J&F, Pasadena foi o maior escândalo da ERA PT.

        A história de Pasadena tem uma cronologia espantosa: como ministra das Minas e Energia (2003 a 2005), Dilma Rousseff conheceu Albert Frère, um dos homens mais ricos da Bélgica, dono, entre tantas outras empresas, da Astra Transcor Energy, que em 2005 comprara, como sucata, a tal “refinaria” de Pasadena, no Texas (EUA) por US$ 42, 5 milhões.

        Foi Dilma que apresentou Mr. Albert Frère a Lula. Foi outra vez a junção da fome com a vontade de comer...

        Lula, Dilma e Albert Frère formaram um trio inseparável... Viam-se semana sim, semana também...

        Albert Frère transbordava generosidade: deu dinheiro graúdo para a campanha de Lula (reeleição) e financiou o filme “Lula, o filho do Brasil” com a célebre Glória Pires no papel principal....

        Dilma deixaria o Ministério das Minas e Energia para assumir a Casa Civil da presidência da República certamente para estar ainda mais próxima de seu parceiro de governo e de grandes negócios...

        Dilma deixou o Ministério das Minas e Energia, mas manteria um pé vigoroso na Petrobras: ficou como presidente do Conselho de Administração...

        Então, parece que eu ouço Lula cochichando no ouvido de Dilma: “Olha companheira, o Albert me ofereceu uma bela refinaria lá no Texas; se a Petrobras comprar, nós dois nunca mais teremos problema de caixa pra campanha!”

        Foi assim que, em 2006, a sucata chamada Pasadena foi comprada pela Petrobras por US$ 1,12 bilhão, preço mais de 27 vezes maior que o valor desembolsado um  ano antes pela Astra de Albert Frère.

        São todas obras do grande líder que tem nos brindado todas as semanas com mais algumas de suas fraudes: pesquisas que o apontam como candidato imbatível nas eleições presidenciais deste ano! 


  
Deltan Dallagnol: tiro certeiro!
Luiz Inacio Lula da Silva, brinquedinho de luxo do empresário Emílio Odebrecht


Albert Frére: generosidade em pessoa !