A mídia – jornais, TV, sites
noticiosos – já começa a esquecer o MAIOR DESASTRE AMBIENTAL da história do
País de modo que Mariana (MG) vai ficar lá, destruída, violentada, pisoteada,
enlameada e logo mais ninguém vai se lembrar dela, como se nada tivesse
acontecido. A vida seguirá “normal” em toda parte, a presidente continuará no
cargo a prometer punição drástica aos infratores, as entidades ambientalistas
farão mais reuniões se comprometendo a salvar a TERRA da destruição, todos se
esquecerão de que um País que não consegue salvar um rio deveria ter vergonha
de revelar suas pretensões de salvar o Planeta.
As informações sobre as multas já
aplicadas à SAMARCO são desencontradas e não é de todo improvável que ela
mesma, a empresa, ajude a espalhar notícias desencontradas com o objetivo de
confundir a opinião pública e, assim, mais uma vez, conseguir escapar ilesa,
sem nenhuma punição.
A verdadeira punição para a
monstruosidade que ela cometeu é a cassação de sua outorga de mineração, como
pede o abaixo-assinado:
https://www.change.org/p/cassem-a-outorga-de-extra%C3%A7%C3%A3o-mineral-da-samarco
Ainda é cedo para fazermos um
balanço da destruição causada pelo MAIOR ACIDENTE DA HISTÓRIA DO BRASIL. Já
se sabe, por exemplo, que a lama da
SAMARCO fez desaparecer para sempre algumas espécies de peixe endêmicas, ou
sejam, encontradas apenas no Rio Doce; há também algumas espécies de plantas só
encontradas nas matas ciliares desse rio e que foram duramente atingidas; entre
estas, estão o jacarandá-cabiúna, a braúna e o palmito. Segundo o Ibama, a lama
causou a destruição de 1.469 hectares de mata nativa.
Segundo a revista Época, os
animais continuam assustados na região da tragédia. Muitos morreram, muitos se
feriram e alguns chegaram a ser "petrificados" pela lama ressecada de
rejeitos de minério.
Um grupo de ONGs e voluntários dos
direitos dos animais, no entanto, tenta
resgatar a maior quantidade de bichos possível. Eles se uniram ao Fórum
Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA) para tentar arrecadar recursos e
organizar melhor esse atendimento, crucial para a saúde dos animais.
ÉPOCA conversou com Vania Nunes,
diretora técnica do FNPDA, sobre esses esforços. Segundo ela, 300 animais foram
resgatados. Veja trechos da entrevista:
ÉPOCA - Como funciona a operação de resgate dos animais em Mariana?
Vania Nunes - Eu estou em contato com a
doutora Ana Liz Bastos, da ONG Associação Ouropretana de Proteção Animal, que é
parte do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal. Ela foi para lá na noite
do acidente, e realmente a situação era bem crítica. Logo que eles chegaram,
não puderam entrar, estava tudo molhado, sujo, tinha a Defesa Civil. Quando
amanheceu, algumas pessoas já vinham com animais. Esses foram os primeiros a
ser atendidos. Tinha cachorro, galinha, passarinho, gado. Os animais estavam
muito assustados, muitos sujos, alguns feridos. Elas prestaram esses primeiros
atendimentos. No começo, os animais foram para o centro de zoonose de Mariana,
que era o local mais próximo. Os que tinham dono, à medida que as pessoas foram
realocadas em casas ou hotéis, os donos levaram. Mas para você ter uma ideia
tinha cavalo, porco, galinha, não tinha como as pessoas levarem todos.
ÉPOCA - Houve um atendimento inicial, de emergência?
Qual era o estado dos animais?
Vania Nunes - Eles estavam muito assustados.
Se foi uma cena dantesca para as pessoas, também foi para os animais. Eles são
capazes de perceber que aconteceu uma coisa muito ruim. Quando a água desceu,
estava muito fria. Então a primeira coisa foi hidratar os animais e tentar
aquecê-los. Tirar a lama, que estava ressecando, ficando dura que nem uma
pedra. Limpar, porque aquele minério pode ser absorvido e intoxicar o animal.
Se eles estavam bem, em ordem, já recebiam vacina, vermífugo, coleiras. Mas não
vai achando que os animais eram todos dóceis, calmos, é só pegar e ir embora.
Às vezes tem trabalho para abordar o animal, porque ele esta com medo,
assustado. Tem que ser uma ação multiprofissional. Sem isso, você não consegue
fazer nada.
ÉPOCA - O foco do resgate é em animais
domésticos, certo?
Vania Nunes - Animais domésticos não são só
os de estimação. Porcos, galinhas, gado, são muito importantes para as
famílias. Lá é uma região rural, que tinha grande quantidade de animais. Um dia
salvaram um monte de galinhas, vieram com elas debaixo do braço. No domingo,
foram resgatados cinco cavalos. Muitos animais, principalmente bois e cavalos,
ficaram presos na lama. A lama foi endurecendo e eles ficaram solidificadados
ali, vivos. Muitos animais precisaram ser eutaniziados ali, infelizmente. A
situação é caótica. As pessoas falam "é gato, cachorro", mas não é só
isso. É muito importante, pra quem tem uma galinha, tem um porco, e aquilo é
uma fonte de subsistência para ela, ter certeza que aquilo é um recurso que ela
ainda tem, porque elas perderam tudo. Isso pode ser uma forma de ajudar essa
pessoa a pensar que ainda tem perspectiva de recuperar de alguma forma a vida
que tinha.
(Animais salvos no desastre de Mariana)