Assumido com entusiasmo por toda a equipe do Planalto Paulista – nome que demos ao jornal regional que circulava diariamente na região da grande Campinas, encartado na Gazeta – o Projeto, com essa bela antecedência de quase 15 anos, escancarou ao público as grandes feridas do problema que ainda recentemente começaram a sangrar impiedosamente sobre a população do estado de São Paulo. E o fez de modo contundente, como recomenda o bom jornalismo. Para mostrar o desperdício de água tratada, por exemplo, mostramos a situação esdrúxula de dois municípios – Campo Limpo e Várzea Paulista – onde a água que faltava na torneira do segundo era aquela que se perdia na rede em frangalhos do primeiro.
A região estava, em caráter pioneiro, implantando o primeiro órgão de gestão da bacia dos rios Capivari/Piracicaba, mas o fazia de modo errado, entregando ao governo do estado a principal responsabilidade pelo controle do comitê gestor. O Projeto Água organizou também um seminário onde especialistas corroboraram a tese de uma especialista da Unicamp que havia sido contratada pelo Planalto Paulista e que escreveu artigos para os cadernos temáticos mostrando que, a exemplo do que havia ocorrido na França, país precursor de estruturas modernas para gestão da água doce, todos os comitês de bacia administrados pela instância superior fracassaram. Foi o Projeto Água, portanto, que afastou o governo estadual do controle do primeiro comitê de bacia e entregou à comunidade, embora o desenho final da estrutura ainda passasse longe do modelo francês, que o Projeto apontou como “ideal”.
O Projeto disparou um novo comportamento da indústria, acelerando providências pelo uso racional da água doce. Foi ele que introduziu o uso mais intensivo da água de reuso pela indústria e alertou os grandes consumidores de água doce para a fragilidade do sistema de abastecimento, deixando todos inquietos numa inquietude transformadora. Quem tinha fábrica na região-alvo do Projeto saberá dizer da sua importância para introduzir mudanças de comportamento.
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