José Eduardo de Andrade Vieira não nasceu para ter o destino que teve e para receber a herança que recebeu com a queda do Sêneca que matou seus dois irmãos mais velhos, Tomaz e Cláudio, estes sim, dizem, eram preparados para lidar com grandes questões financeiras. “Nos dias de grande tensão, no banco, Tomaz comia bananas que tirava de uma gaveta”, contam jornalistas que o visitaram no trabalho.
Não era gestor, estava mais para fazendeiro do interior que para líder financeiro; talvez por isso tenha sido um bom ministro da Agricultura, me disseram certa vez alguns criadores de gado do Mato Grosso do Sul. Estive na Fazenda Mitacoré, transformada por ele numa propriedade modelo enquanto presidente do Bamerindus. A Mitacoré, próxima a Foz do Iguaçu, hoje ocupada por agricultores Sem Terra, tinha até uma estação meteorológica completa. Excursões de agricultores se formavam no Brasil inteiro para visitá-la e poder ver de perto os milagres que os investimentos massivos, bem conduzidos, são capazes de proporcionar à agricultura depositada em terra fértil. A Mitacoré batia recordes de produtividade em trigo, soja, feijão, arroz e tudo mais.
As fazendas do Bamerindus eram fortes em inovação, tecnologia de ponta. No norte pioneiro do Paraná o banco investiu até mesmo na exploração de diamantes, mas o forte das fazendas nessa região era o reflorestamento à base de pinus, sem poder prever que uma fileirinha de eucalipto, plantada displicentemente em meio às densas florestas de eliotis, seria responsável pela drástica mudança no destino do conglomerado (ver texto anterior).
Pode-se
dizer, em resumo, que o banco ia bem em agricultura, mas quando saía do setor
primário começava a bater fora do bumbo.O melhor exemplo disso foi a fábrica
de papel plantada no norte pioneiro do Paraná. Depois de anos operando no
vermelho, descobriu-se que para reverter a situação da fábrica era necessário
alterar drasticamente a tecnologia, ou seja, era necessário, quase, destruí-la
para voltar a construi-la com outro padrão tecnológico.
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