Foi assediado pelo que há de pior tanto na política quanto no setor empresarial do Paraná. Uma frase que eu o ouvi dizer algum tempo depois da nomeação de um empresário para um cargo numa das empresas do grupo Bamerindus explica essa sua inapetência para escolher bem seus companheiros de trabalho: “Pensei que estava contratando um super executivo, e contratei um ladrão”. O problema está no fato que o Paraná inteiro sabia que esse empresário era desonesto, só ele não.
Saiu da tempestade que arrastou o seu banco para o buraco como um poço de mágoas. Eu o ouvi dizer várias vezes depois que tudo passou: “Chamam esse cara de grande líder da democracia, mas para mim não passa de um FDP. Um FDP, é isso que ele é.”
Seu destino foi drasticamente alterado, em 1981, pelo ponteiro de três eucaliptos que roubaram a asa esquerda do Sêneca onde viajavam seus dois irmãos mais velhos, Tomaz Edison Vieira e Cláudio Enock Vieira, respectivamente o presidente e o vice da já chamada organização Bamerindus, então um complexo de banco, corretora, seguradora, fazendas de agricultura. Com uma só asa, o pequeno aparelho mergulhou de bico numa formação granítica, matando todos seus ocupantes, piloto, os dois dirigentes do conglomerado e seus dois primogênitos. O acidente ocorreu a poucos quilômetros de Tomazina, município a norte pioneiro do Paraná, onde nasceria a antiga cooperativa de crédito que em 1929 dava origem ao Bamerindus.
Não houve nenhuma controvérsia: o cargo máximo do conglomerado coube a José Eduardo, até então acomodado na presidência de uma corretora do grupo nos Estados Unidos. Eu assisti sua apresentação à imprensa duas ou três semanas após o acidente; houve jornalista que já começou a notar ali que a herança era bem maior que o herdeiro. Eu mesmo não quis fazer previsões; apenas torci para que desse certo. Chegara em 1976 ao Paraná e já conseguia prever o quanto seria devastador para a economia do estado o declínio do Bamerindus.
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