Desde
a morte de Armando Nogueira (2010) ou de sua saída da Globo, ocorrida poucos anos antes, a apresentação da
notícia pela emissora-líder perde qualidade dia após dia. Sozinho, William
Bonner não consegue controlar tudo e nem tem poderes para isso. Mal consegue
impor qualidade mais ampla ao Jornal Nacional, onde há rumores de que tem
havido alguma rebeldia ao seu poder de mando.
William
é o apresentador dos sonhos de qualquer editor-chefe: equilibrado, voz e timbre
muito adequados. Começou a dar umas derrapadas durante a Copa do Mundo, mas se
recompôs a tempo de não se perder em pieguice e babaquice, que contaminaram
grande parte dos demais apresentadores da emissora. Os 7 a 1 enfiados pela Alemanha
na gloriosa seleção canarinho deve ter assustado a todos e servido de lição a
quem se esqueceu que apresentação da notícia exige equilíbrio, em todas as
circunstâncias.
A
parceira de Wiliam no jornal nacional, Renata Vasconcellos, também é um exemplo
da seriedade e compostura que a função exige; nela, também, é tudo muito
consistente: voz, postura, beleza (televisão é um meio das pessoas bonitas, dizem),
elegância. Diria que fez uma ótima substituição a Patrícia Poeta, cuja saída
repentina ninguém conseguiu entender.
Outra
que merece respeito é Leilane Neubarth, âncora magnífica da Globo News. Todos
os demais, a meu ver, merecem uma orientação mais severa de cima, o que hoje não
existe mais. Armando Nogueira, como eu dizia, deixou um vazio muito grande.
Chico
Pinheiro, por exemplo, tem todas as qualidades para ser um âncora
extraordinário, mas ainda vai precisar ajustar sua tendência de se dedicar com
freqüência ao entretenimento, separando bem os personagens. Ele já misturou
tanto sua condição de âncora com a de ator cômico que às vezes o telespectador
fica sem saber quem está em sua frente – se o apresentador de uma notícia ou
quem vai contar uma anedota ou um “causo” engraçado.
O maior problema é o
desequilíbrio de humor; a apresentação do Jornal Hoje, por exemplo, chega a dar
gargalhadas, sem pensar que atrás de uma notícia que produz risos pode vir
outra que produz lágrimas ou chocante, como algo sobre a cobertura do vírus
ebola. Todos deveriam se mirar no exemplo de Renata Vasconcellos, que lê uma
notícia engraçada sempre com equilíbrio, nunca de modo debochado, e está sempre
preparada para sair do bom humor e passar para o trágico. É assim que tem de
ser. Há outros aspectos do problema de modo que voltarei ao assunto em outra
ocasião.
(William e Renata, exemplos)
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