Sou
defensor dos direitos humanos. E minha defesa brota das convicções
mais profundas que carrego comigo desde jovem: são há muito tempo
convicções universais e perenes.
Elas
não mudam ao sabor dos ventos, das ideologias, dos regimes
políticos, das religiões ou da cor da pele… são, eu diria,
absolutamente estáveis.
Onde
houver um ser humano no planeta Terra, este pode contar que estarei a
favor de seus direitos , ainda que não consiga ajudar além de
escrever e denunciar publicamente.
Se
o regime político e a religião tornam obrigatória a mutilação de
mulheres, estarei contra o regime e contra a religião; se o regime e
a religião exigem que as mulheres cubram o rosto, estarei do mesmo
modo contra o regime e contra a religião.
Sou
visceralmente contra o trabalho escravo, contra a tortura, contra o
que é chamado de “limpeza étnica”. Entendo que todas as
pessoas têm direito à saúde, à água potável, à educação, à
moradia decente e à justiça… Ninguém deve ser condenado a morrer
de fome, de frio ou de calor excessivo… Todos têm direito à
liberdade...
GRANDES
DIFERENÇAS
Vejam,
portanto, que eu sou muito diferente dos que hoje são chamados de
“ativistas dos direitos humanos”.
Os
ativistas, como é essa gente do PSOL e do PT, são, antes de tudo,
oportunistas. Não perdem nenhuma oportunidade de desfraldar a
bandeira da defesa dos “direitos humanos”, desde que isto lhes
traga algum dividendo político… e gostam muito de um cadáver,
como no caso do assassinato da vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, a
“ativista dos direitos humanos”, Marielle Franco.
Lamento
pelo ocorrido com Marielle e com o seu motorista Anderson Gomes
Silva, mas como já escrevi, não chorarei por ela...
Na
verdade, os ativistas têm geralmente uma visão volátil do que
sejam direitos humanos… Suas convicções são, digamos,
mutantes...
Começa
que, para eles, os seres humanos do Brasil devem ser, digamos, muito
diferentes dos seres humanos de Cuba ou da Venezuela, por exemplo…
As convicções se alteram de acordo com as conveniências e o regime
político...
AQUI
UMA COISA, LÁ OUTRA
Aqui,
combatem a prisão preventiva e a condução coercitiva... Em Cuba,
apoiam a ditadura, apoiam a prisão de adversários do regime, a
repressão contínua e descabida, apoiam o julgamento sumário e o
fuzilamento… Nunca se ouviu por aqui uma só voz contra as prisões
arbitrárias, a imprensa monocórdia e oficialesca, a ausência de
eleições e de qualquer outro instrumento democrático em Cuba...
Quando
a blogueira cubana, Yoani Sánchez, visitou o Brasil em fevereiro de
2013, trataram-na como vilã e inimiga… Das poucas vozes
divergentes em Cuba, consentida para simular que o país retorna à
democracia, Yoani foi assediada por manifestantes por todos os
lugares por onde andou, sendo inclusive impedida de falar a um canal
de televisão do Nordeste por gritos e xingamentos ensandecidos...
VENEZUELA
Mesma
coisa em relação à Venezuela, onde o regime do ditador Nicolás
Maduro está por assim dizer liberado para cometer as maiores
atrocidades… A leva de refugiados venezuelanos que atravessa a
fronteira com o Brasil para fugir da fome, da opressão, da miséria
e da ausência de qualquer amparo na saúde pública, é encarada
pelos ativistas como um fenômeno natural da mobilidade humana e não
serve como indicador sequer da inadequação de um regime....
Em
recente entrevista ao jornalista Enio Mainardi, a jurista Janaína
Paschoal – esta sim, uma DEFENSORA dos direitos humanos –
denunciou o perverso tratamento que o regime de Maduro dá aos
meninos, de 19, 20 e 21 anos, que ousam sair às ruas para protestar
contra o governo: são presos e recolhidos à La Tumba, onde
permanecem incomunicáveis por longos e indefinidos períodos...
“Um
desses meninos – bradou comovida a jurista Janaína Paschoal - é o
Lorente, mantido em La Tumba já há três anos ainda sem saber do
que é acusado… A audiência de instrução, prevista em lei, pela
qual saberia qual a acusação que o governo faz contra ele, já foi
adiada por 45 vezes!”
Janaína
Paschoal descreveu em detalhes La Tumba, sem qualquer dúvida um dos
presídios mais tenebrosos do mundo ocidental: “Como o próprio
nome sugere, La Tumba é um presídio subterrâneo construído na
malha urbana de Caracas. As celas, sem luz natural, ficam embaixo de
uma linha do metrô e os meninos enlouquecem com o barulho nas 24
horas do dia!”
Nunca se viu um só protesto dos ativistas brasileiros, como se os meninos venezuelanos não fossem humanos ...meninos eletrônicos talvez, espécie de robôs montados e financiados pelas forças reacionárias de direita com o propósito de desestabilizar o governo legítimo de Nicolas Maduro.
Nunca se viu um só protesto dos ativistas brasileiros, como se os meninos venezuelanos não fossem humanos ...meninos eletrônicos talvez, espécie de robôs montados e financiados pelas forças reacionárias de direita com o propósito de desestabilizar o governo legítimo de Nicolas Maduro.
Enio Mainardi e Janaína Paschoal
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