08/03/2018

Cabelos luminosos, ideias curtas – esse é Álvaro Dias!

Saibam todos os que se deixam encantar por ele, que o senador Álvaro Dias é o político mais vaidoso do Brasil... Talvez por pirraça dos deuses, começou a ficar careca com menos de 40 anos...

A calvície para um homem vaidoso deve ser desesperadora... Ao ver seus cabelos escassearem no cucuruco da cabeça, entrou em pânico... Na primeira oportunidade, viajou para o exterior... Voltou com um implante de cabelos de acrílico!

Sua cabeça faiscava especialmente diante das luzes de televisão...como adorava aparecer na televisão, sua cabeça lembrava a ponta da varinha mágica da Fada Sininho...

Quando governou o Paraná (1986/1989), Curitiba, a capital, já tinha bem mais de um milhão de habitantes, mas se mantinha como a mais provinciana – e mais mordaz - das capitais brasileiras... Em parte por simples veneno, em parte por sua histórica rejeição aos “pés vermelhos” (migrante vindo do Norte do estado, região de Maringá e Londrina, de terra vermelha), dizia que o jovem governador Álvaro Dias era um homem de “cabelos luminosos e ideias curtas”...

Esse rótulo – "ideias curtas" – não emergiu por acaso... Pessoas que o conheceram desde Maringá, onde foi radialista, juram por Deus que ele, ao assumir o governo do Estado, apesar de formado em Historia pela UEL (Universidade de Londrina), nunca lera um livro...

Maledicências à parte, eu mesmo pude comprovar o quanto era, digamos, iletrado... Como jornalista a serviço dos jornais O Estado de São Paulo e Jornal da Tarde, tentei marcar por várias vezes uma entrevista com ele para falar sobre assuntos da macroeconomia e ele marcava e, em seguida, desmarcava.. Pareceu-me ter receio de revelar a própria ignorância... Nunca o vi dissertar sobre assuntos da conjuntura... Seu discurso sempre foi raso, superficial, amontoado de frases feitas que pareciam decoradas...

PERÍODO ASFIXIANTE

Eu morava em Curitiba na época de seu governo... Foi um período barulhento e de certo modo asfixiante... Álvaro Dias lembrou um “Pequeno Mussolini das Araucárias”... Prendia e perseguia políticos que ele rotulava de corruptos...

Dizia ser democrata, mas mostrou-se visivelmente irritado com a greve dos professores... Sem negociação, viajou a Santa Catarina e deixou instruções para a Polícia Militar espancar os grevistas... A ordem foi cumprida com tanto rigor que vários professores tiveram de ser atendidos em Pronto Socorro... Dois deles foram hospitalizados com ferimentos graves...

Dizia combater o nepotismo mas foi flagrado numa grave irregularidade: seu irmão, o também senador Osmar Dias, com pretensões de se eleger governador este ano, secretário da Agricultura de seu governo, morou com a família, de graça, numa residência do Estado no interior de um parque público... E só se mudou quando pilhado pela imprensa...

TEMPO SUFICIENTE

A população do Paraná não precisou de mais de quatro anos para descobrir que ele pregava uma coisa e fazia outra, oposta... Dizia combater a corrupção, mas sua Secretaria de Comunicação, comandada por seu amigo, o controverso Fábio Campana, corrompeu a imprensa de todo o país para alimentar a sua primeira tentativa de pegar a legenda do partido (PMDB) para concorrer à presidência da República...

Álvaro Dias investiu pesado na mídia... Jornais, revistas, TVs, rádios de todo o Paraná nadaram de braçada nas verbas que seu governo liberou com generosidade... Ele e seus cabelos faiscantes passaram quatro anos ininterruptos na telinha de todas as TVs...

Foi inclusive vítima de um fenômeno conhecido pelos especialistas em Comunicação como "saturação"... Roberto Requião, candidato a governador apoiado por Álvaro Dias, foi aconselhado a não por a imagem dele em seu programa eleitoral: funcionaria contra... Afinal, por um bom tempo o Paraná não suportou mais olhar para aqueles cabelos luminosos...

TRAMOIA FINANCEIRA

Mas, onde será que ele encontrou tanto dinheiro pra investir em mídia? Roberto Requião contou-me, em off:

- Com inflação alta, ele pegava a dinheirama que o Estado arrecadava de impostos e aplicava no Open... O elevado rendimento obtido era separado antes de o dinheiro retornar aos cofres públicos! Grande parte desse dinheiro usava para comprar a mídia e garantir uma presença feérica em televisão...

Deve ser verdade... No início de seu último ano de Governo (1989) espalhou-se em Curitiba um boato, fortíssimo, de que o governador e todo o seu secretariado passaram um dia inteiro enclausurados numa sala do Banestado em busca desesperada de um atalho para driblar o Plano Verão, do Mailson da Nóbrega, e repor a dinheirama que voava no sistema financeiro... O que de fato aconteceu, nunca foi revelado...

A BOCA SABE TUDO

O que todos sabem, em Curitiba, é que nunca foi muito complicado conhecer, em detalhes, tudo o que se passa nas “catacumbas do off” nos governos que se sucedem no Paraná. É simples: basta frequentar por algumas horas ao dia a Boca Maldita, tradicional ponto de encontro dos calçadões de Curitiba, conhecido nacionalmente como espécie de “Império da Maledicência”.

Um político do Paraná é capaz de enganar a todos os eleitores, menos a Boca Maldita... Ela sabe de tudo, conhece em detalhes, por exemplo, a história da mala de 500 mil reais do deputado Rodrigo Rocha Loures... Deve saber o que Eduardo Cunha, Palocci a agora Sérgio Cabral devem futricar nos porões dos presídios de Sergio Moro...

A Boca Maldita sempre soube, em detalhes, como foi a história da renúncia de Álvaro Dias à candidatura a governador para favorecer, já por duas vezes, ao eleito Jaime Lerner... A Boca Maldita sabe e diz, mas histórias  cabeludas devem ficar restritas àquele pedaço de calçadão... Ao saírem dali viram “coisa da Boca Maldita”, ou seja, perdem toda a credibilidade...

Uma auditoria no histórico das contas bancárias do pré-candidato a presidente do Podemos deve confirmar se a Boca fala a verdade ou mente...



Álvaro Dias



Boca Maldita e Calçadão da Rua XV de Curitiba - PR

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