Chegaram inibidas, um tanto assustadas
com as pessoas e com o tamanho da casa... É incrível como hoje as duas
pequerruchas conseguem preencher, palmo a palmo, metro a metro, cômodo a
cômodo, toda a imensidão da casa... sou eu que me assusto agora com o vazio que
sobrará daqui a uns dias, quando elas se forem...
O consolo é que
viveremos meses de encantamento com as lembranças de suas peripécias,
memoráveis...
Ainda hoje, por
exemplo, a vovó Susana as levou ao meu quarto para me ver acordando,
levantando, escovando os dentes, me arrumando... mexeram em tudo, tentaram
ligar o vaporizador, reviraram gavetas, quase me fizeram tomar meus remédios
antes da hora...
De repente, Susana se
assusta, corre pro banheiro e eu ouço:
- Não, não pode...é
perigoso!
Retorna com Isadora no
colo e um sorrisão no rosto, misto de espanto e humor:
- Não se pode
descuidar, numa fração de segundos lá estava ela com as perninhas balançando,
descendo para o fundo da banheira... Pode?
As duas – Isadora e
Manuela, um ano e dez meses de idade – são minhas companheiras de café da
manhã, almoço e janta na mesa da copa... minhas companheiras de varanda pra
apreciar o pé de jaca (carregado com mais ou menos 50 jacas, eu conto todas as
manhãs), minhas companheiras de computador...
Ainda pela manhã, mal
me sento para trabalhar, lá vêm as duas, Manuela à frente... tento pegá-la no
colo, mas ela, graciosa, se esquiva... contorna minha cadeira, puxa uma outra,
apoia o pezinho no sofá, sobe e senta-se de olho fixo na tela...
- Vídeo da Pepa!
- exige – e fica ali, vendo vídeo da Pepa, um atrás do outro,
vários, sempre com as perninhas balançando por baixo
da cadeira... que ninguém tente tirá-la dali, ela grita, chora, esperneia...
Passaria horas vendo vídeos da Pepa...
Às vezes eu mesmo fico
enjoado de tanta Pepa e entro no Facebook para mostrar pra ela a página do
indiano Navaz Vet... é uma interminável fileira de bichos... Manuela adora
também, não tanto quanto a Pepa, mas adora ver bichos e chamá-los pelo nome:
- Cacaco... au-au...
mia (gato, em homenagem à gata da família, Mia)... ron-ron (leão ou felinos de
grande porte)... fante (elefantes).. urso...Ela sabe tudo, a bandidinha...
Instruídas pela Vovó
Fátima, de Curitiba, ambas me chamam de Vovô Pio... acho uma delícia ouvi-las
me chamando pelos longos corredores da casa...
Além de grande, a casa
do Vovô Pio é bastante divertida... saem pra varanda, vêem o pé de jaca aqui
perto...lá embaixo, enxergam umas simpáticas vaquinhas pastando e acompanhadas
por garças brancas atrás de carrapatos...
Basta levar uma banana
à varanda para poderem assistir a um raro espetáculo urbano: um ajuntamento de
oito a dez saguis que disputam cada pedaço da fruta com voracidade... uma volta
pelo quintal no colo da Vovó Nana (Susana) significa sempre uma ótima colheita
de pitangas, acerolas, araçás ou cabeludinhas...
Torço para que elas
sintam muita saudade daqui e obriguem os pais a trazê-las a Vinhedo várias
vezes ao ano...
Isadora e Manuela, em pitstop durante passeio pelas ruas de Vinhedo...
Manuela e Isadora nos afagos com a vovó Nana...
Juntando brinquedos no corredor da casa do Vovô Pio, sob a guarda da Vovò Nana...
Descanso num dos cantos da casa....
Comendo bolo diet na sala...
Isadora reflexiva...
Ocupando todos os espaços da casa...
Brincadeirinhas com a "Purguinha", única sobrevivente da matilha do Vovô Pio...
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