24/10/2016

PRIVATIZAÇÃO À MODA PT

        Nada contrariou mais o PT e os “ideólogos” do partido do que a privatização da Vale do Rio Doce, chamada de a “Joia da Coroa” por Gustavo Franco, um dos capitães da desestatização no Governo de FHC.
        No dia da privatização (07 de maio de 1997), houve protestos em várias capitais do país e a Praça XV, defronte à Bolsa de Valores do RJ, onde foi realizado o leilão para venda da mineradora, virou campo de guerra; nada menos de 600 policiais tiveram de ser convocados para aplacar o ânimo de 4 mil manifestantes exaltados. Mais de 50 pessoas ficaram feridas.
        Uma das fortes agitadoras da época foi a advogada curitibana Clair da Flora Martins, ex-presa política do regime militar, ex-vereadora e ex-deputada federal pelo PT do Paraná, que em entrevista a uma revista jurídica explicava as causas de tanta indignação: “...podemos dizer que sem a posse da Vale do Rio Doce, devemos tirar a cor amarela da nossa bandeira”....e acrescentou: “...foi um terrível sentimento de perda e de revolta por nosso país estar sendo vendido”.
        A quase 20 anos após a privatização ter sido consumada, as pessoas que engrossaram as vozes de protesto devem ter descoberto que as privatizações não são um mal em si mesmas e que na grande maioria dos casos só fizeram bem ao país; deveriam ter descoberto também que quem pratica o mal contra o Brasil são os maus brasileiros e estes estão por toda parte, inclusive no comando da Vale “privatizada”.
        Os maus brasileiros que se encontravam em postos-chave do governo na “Era PT”; os maus brasileiros que impregnam o Congresso Nacional (Câmara e Senado) e os maus brasileiros que impregnam setores empresariais estratégicos, como o da Mineração – estes sim representam o  grande mal  do país!
        As privatizações ocorridas com grande força no governo de FHC apenas livraram o estado brasileiro da carga pesada e permitiram que a economia do país fluísse com mais desenvoltura.
        Se a Petrobras tivesse sido também privatizada não teríamos assistido à roubalheira que abalou a economia brasileira na última década!

PRIVATIZAÇÃO À MODA PT

        O problema é que existe a privatização à moda PT, ou seja, abrem-se as portas da empresa para o capital privado, mas mantêm-se todas as mamatas – a mamata dos políticos, a mamata dos representantes do governo, a mamata dos órgãos governamentais.
        Neste sentido, a Companhia Vale do Rio Doce passou a representar, depois de “privatizada”, a mais perfeita síntese do papel que os maus brasileiros de todos os matizes exercem nesse trabalho diuturno contra os interesses da sociedade brasileira.
        Primeiro foi a relação promíscua que a Vale privatizada estabeleceu com o governo do PT. Roger Agnelli, um executivo que prometia administrar a companhia com independência e profissionalismo, foi varrido do cargo e da empresa por pressão de Dilma Rousseff, agindo sob orientação de seu guru e criador Luiz Ignácio LULA da Silva (2011).
        O caminho estava aberto para a privatização à moda PT; a dívida da Vale com a Receita Federal continuou aumentando e, em 2015, ela já era o maior devedor de impostos do Brasil, tendo como parceiros dessa vergonha nacional a Petrobras e a Caritat (antiga Parmalat).
        Ameaçam a população com mais impostos, ameaçam reduzir ainda mais o valor das aposentadorias, mas ninguém age com energia para cobrar o débito dos 500 maiores devedores da receita, cujo passivo soma hoje a mais de um trilhão de reais.
        A classe política também poderia contribuir com a criação de leis mais efetivas para instrumentar a Receita Federal, mas não age e a razão é até simples: uma empresa endividada é uma fonte inesgotável de propinas e dinheiro sujo.

         Assim é com a Vale do Rio Doce.

RASTRO MAL CHEIROSO

        Torço para que meus netos e bisnetos não precisem sentir a mesma  vergonha e indignação que eu mesmo estou sentindo ao tomar conhecimento da longa denúncia que o Ministério Público Federal ofereceu à Samarco nesta penúltima semana de outubro de 2016.
        Como todos já sabem, a Samarco, um conglomerado de brasileiros da pior espécie montado pela Vale  em Sociedade com a australiana BHP Billinton para explorar o minério de ferro da região de Mariana (MG), foi uma das grandes responsáveis pelo derrame de lama no Vale do  Rio Doce no dia 5 de novembro de 2015.
        A denúncia é longa e quem tiver estômago deve lê-la na íntegra. Nela, nada menos de 21 integrantes da cúpula dirigente da Samarco são denunciados por homicídio qualificado com dolo eventual por terem provocado a morte de 19 pessoas e destruição arrasadora de recursos naturais do Brasil, numa extensão que vai de Mariana até o mar, a cerca de 500 quilômetros à frente.
        Nunca se viu uma denúncia tão bem fundamentada quanto esta no chamado direito ambiental. Há nela provas irrefutáveis de que a empresa tinha perfeita consciência da instabilidade das barragens de rejeito rompidas (Fundão) e que até já havia calculado, com precisão, o número de pessoas que o rompimento iria matar, bem como toda a extensão dos danos ambientais.
        A Samarco, entretanto, empurrou tudo com a barriga até o rompimento; ela mesma foi exaustivamente advertida dos riscos pelos relatórios internos. Mas mirou apenas e exclusivamente nos lucros e foi improvisando aquilo que os procuradores chamam de “puxadinhos geológicos” e “esparadrapos estruturais”.

É TUDO VERGONHOSO

        Vejam que interessante a matéria divulgada pelo repórter Felipe Amorim, do Site Noticioso UOL: “Deputados que vão apurar tragédia em Mariana receberam R$ 2,6 milhões da Vale”.
        Explico: três comissões parlamentares foram criadas para acompanhar o rompimento das barragens de mineração na região de Mariana. Na Câmara dos Deputados, 13 dos 19 membros da comissão externa instalada para acompanhar e monitorar os desdobramentos do desastre ambiental foram beneficiados por doações de empresas ligadas à Vale, em valores que vão de R$ 465 a R$ 500 mil.
        Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, cinco dos nove membros titulares da comissão extraordinária criada na primeira quinzena de novembro foram beneficiados com doações do grupo Vale, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
        As contribuições de campanha aos integrantes da comissão somam R$ 368 mil.
        Já na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, outro estado cortado pelo Rio Doce – ainda segundo informações de Felipe Amorim – as empresas do grupo Vale doaram R$ 428 mil a sete dos 15 membros da comissão representativa criada para acompanhar os impactos ambientais da tragédia.
        Na comissão criada na Câmara, tiveram gastos de campanha bancados por empresas ligadas à Vale os deputados Laudívio Carvalho (PMDB-MG), Gabriel Guimarães (PT-MG), Leonardo Monteiro (PT-MG), Paulo Abi-ackel (PSDB-MG), Rodrigo de Castro (PSDB-MG), Paulo Foletto (PSB-ES), Eros Biondini (PTB-MG), Mário Heringer (PDT-MG), Subtenente Gonzaga (PDT-MG), Fábio Ramalho (PV-MG), Brunny (PTC-MG), Givaldo Vieira (PT-ES) e Lelo Coimbra (PMDB-ES).
        Na assembleia mineira, Agostinho Patrus Filho (PV), Thiago Cota (PPS), Gustavo Corrêa (DEM), Gustavo Valadares (PSDB) e Gil Pereira (PP).
        Na Assembléia Legislativa do Espírito Santo, foram beneficiados Guerino Zanon (PMDB), Janete de Sá (PMN), Rodrigo Coelho (PT), José Carlos Nunes (PT), Gildevan Fernandes (PV), Bruno Lamas (PSB) e Luzia Toledo (PMDB).

* Precisamos expulsar a Samarco da mineração brasileira. Assine o abaixo-assinado  pelo link:

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Manifestação no dia do leilão da Vale do Rio Doce:






Desastre em Mariana:




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