13/09/2015

Brincadeiras e malvadezas da Dilma

        Conheci um empresário que levou sua empresa à falência, rápida, retumbante, por executar em dois anos um plano de desenvolvimento que a sensatez e a prudência recomendavam implementação em 10 ou 15 anos; a pressa e a ousadia destemperada levaram para o buraco e para o sofrimento centenas de pessoas que tiveram de assistir, impávidas, à ruína de um negócio que tinha solidez e futuro próspero se administrado por uma pessoa mais capaz e mais prudente.
        A mesma coisa ocorre hoje com o Brasil; uma presidente incapaz, inexperiente (Dilma), assessorada por pessoas açodadas no Planejamento (Barbosa) e na Fazenda (Levy) decidiram fazer em dois anos ajustes que deveriam ser feitos devagar, ao longo de oito a dez anos. Parece claro que vão matar o doente por excesso de remédio.
        Em cinco anos – contando com maior equilíbrio climático – pode-se reestruturar a matriz energética e recompor tarifas. Em dois anos, buscar a recomposição da tarifa em época de estiagem e outras intempéries, é quase matar a galinha de ovos de ouro – a classe média – que poderia responder pelo crescimento da economia em níveis razoáveis.
        Ministros da Fazenda e do Planejamento mostram-se peritos em tecnocracia e neófitos em política; tanto um (Levy) como o outro (Barbosa) deveriam ser substituídos imediatamente, antes que seja tarde demais.
        Pressa, açodamento, é a marca principal de um governo que parece brincar, sadicamente, com os interesses da sociedade; enviar  para o Congresso um orçamento com déficit de 30 bilhões de reais é brincadeira de mau gosto; e a primeira consequência daninha desse gesto apareceu com sua face dramática – a retirada do grau de investimento pela  Standard & Poors; e não é nada improvável que as demais agências classificatórias de risco imitem a Standard.
        É tudo muito óbvio: primeiro, o governo deveria dar a sua parte no ajuste – cortar ministérios, cargos de confiança, desmobilizar patrimônio, cortar uma montanha de gastos supérfluos, reduzir para menos da metade os cargos de confiança, etc etc etc. Depois, persistindo o déficit, fazer um esforço de repor grande parte do dinheiro roubado da Petrobras, Nuclebras e outras fontes de corrupção. O orçamento do próximo ano, inclusive, deveria ter uma rubrica com previsões seguras do retorno do dinheiro desviado.

      Em seguida, promover, com ajuda do Congresso, ampla reforma tributária para tornar a carga menos onerosa para a classe média e mais pesada para a classe de alto poder aquisitivo. Se todas essas coisas forem feitas com competência e aguçado senso de justiça  veremos que grande parte dos problemas desaparecerá.
          Pior de tudo é a falta de transparência, a tentativa de enganar o público. Exemplo: quem vê as declarações oficiais, vai pensar que a Caixa Econômica voltou a operar com créditos ilimitados no financiamento da casa própria; na prática, o que se vê é um súbito aumento da burocracia para se tomar um crédito e restrições nunca vistas antes.
        O país foi parado a pontapés, e a sociedade onerada por uma política econômica estúpida, desumana, imbecil. Não se pode parar tudo de uma vez: a sensatez recomenda que, ao se fechar uma torneira aqui, outras tantas sejam abertas acolá; é através de um jogo bem pensado e bem concatenado que se avança, sem causar tanto sofrimento e tanto retrocesso.
        Também não há como contar com alguma sensatez e criatividade no combate à inflação a não ser o já velho mecanismo de aumento dos juros pelo Banco Central, juros esses colocados novamente na estratosfera. Gastos governamentais sem controle também são altamente inflacionários!
        O real, pela primeira vez desde o surgimento, em 1993, está sob forte ameaça de destruição. E a equipe econômica se mostra inflexível, dura, com os olhos fixos na dianteira, sem olhar para os lados e muito menos para trás. O país precisava de asa delta à frente da economia e lá puseram dois tratores-esteiras com claro objetivo de moer tudo o que encontrassem pela frente.
         Quem tiver fé, trate de rezar.

(Barbosa, Dilma e Levy, que nova perversidade estariam tramando?)

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