23/04/2015

Vigilância, o segredo catarinense contra a dengue

Os estados deveriam ter maior troca de informações sobre seus planos contra epidemias. Seria um bom jeito de evitar o alastramento  da dengue. 
        Se todos eles, inclusive o rico e poderoso estado de  São Paulo, seguissem o exemplo de Santa Catarina não teria hoje a lamentar o recorde nacional de casos da doença, sem sombra de dúvida uma vergonha. Fui assessor do governo catarinense há alguns anos atrás e sei do que falo. Sequer no verão, quando as regiões de praia têm uma população de visitantes pesada, essas doenças epidêmicas representam alguma ameaça mais séria. 
        Este ano, seguindo a tendência nacional de recrudescimento da doença, foi ultrapassada a barreira de mil casos em Santa Catarina, o que já preocupa as autoridades. Santa Catarina sempre foi um exemplo de controle da doença. E qual o segredo? Vigilância.
        O estado montou uma rede completa de armadilhas para o mosquito, sustentada por uma rede igualmente capilar de análise. Quadras são isoladas imediatamente quando o ponto da captura dispara um alerta. O sistema funcionou admiravelmente bem até hoje, de modo que é de se espantar porque houve, este ano, o registro de mais de mil casos. Só pode ter sido algum afrouxamento do controle em algum canto do estado. Sempre houve armadilhas de controle em toda parte.
        Não é só tornar capilar a rede de vigilância que o modelo catarinense nos ensina como caminho para conter o avanço da doença; é também o caminho mais simples e eficaz; não faço ideia dos custos, mas imagino que com um terço do dinheiro desviado da Petrobras daria para implantar um sistema nacional de vigilância contra o mosquito. 
        Existem caminhos seguros para evitar tantas mortes e tanto sofrimento; é patético observar os sanitaristas da poderosa Saúde de São Paulo perdidos, sem saber para onde correm; enquanto a doença avança. As propostas que eles têm feito, faça-me o favor!
        A mais recente desculpa para os sistemáticos  avanços da doença é armazenamento de água pela população. E todos ficam como baratas tontas diante do problema, esquecendo que para tirar esse problema da frente podem haver campanhas educativas persistentes ou até mesmo, se nada resolver, restará o poder coercitivo da lei e do estado.
        Tudo é culpa da seca, da seca. Daqui apouco vão responsabilizar a estiagem até por uma eventual queda de faturamento das prostitutas nas ruas de Amsterdã!



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