18/03/2015

A Dilma, mídia, os protestos, os ministros, etc.

           Dilma sai da toca – Muitas horas depois da onda de protestos pelo país, a presidenta, com muita cautela, aparentando estar pisando em ovos, discursou em evento realizado próximo de sua toca, o Palácio do Planalto, deu uma disfarçada e falou daquilo que sua língua estava coçando para dizer – dos protestos. E o que ela disse? Mais do mesmo, ou seja, repetiu a lenga-lenga de sempre, que seu governo transpira democracia por todos os poros, etc. etc. O mais importante é notar o quanto a presidenta ficou sem discurso, absolutamente sem discurso, e não há marqueteiro que dê jeito...
           Os ministros “porta-vozes” do governo – Antes de Dilma, dois de seus ministros – o da Justiça, José Cardozo, que começa a ser chamado de Cardozão, numa referência popular às trapalhadas que apronta, e o desconhecido e arrogante ministro-chefe da Secretaria Geral, Miguel Rossetto, haviam saído também da toca para tentarem dar uma satisfação do governo ao público; melhor seria para Dilma que tivessem permanecido na toca. Fizeram promessas de coisas já prometidas e até agora não cumpridas – reforma política, pacote contra a corrupção. E o até agora obscuro Miguel deu uma explicação bem idiota para as grandes multidões que foram às ruas no domingo: “A grande maioria de quem estava lá não votou na Dilma”. Fiquei me coçando para perguntar a ele: e daí ministro? Que importância isso tem para o resultado final do que aconteceu naquele memorável 15 de março? E se fossem todos eleitores de Levy Fidelis? Havia catraca na porta de entrada da Avenida Paulista para impedir o acesso de eleitores da Dilma?
            Mercadante, cadê o Mercadante? – Enquanto isso, depois da lambada que levou de Marta Suplicy, o ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante, tomou chá de sumiço. Escondê-lo foi uma dessas raras atitudes inteligentes da nossa ilustre presidenta, que pelo visto, deveria dar do mesmo chá para Miguel e o Cardozão.
            Mídia brasileira e os protestos – Antes de dizer qualquer coisa sobre amaneira que a mídia brasileira cobriu as manifestações de domingo, gostaria de sugerir calcularmos o número de assinantes da Folha de S. Paulo pelos mesmos critérios que este vetusto jornal paulistano usou para calcular o número de pessoas que compareceram à passeata da avenida paulista no domingo. Creio que o número de assinantes não passaria de meia dúzia. Mas vamos falar um pouco da cobertura da TV. A Globo entrou claudicante no assunto e claudicante ficou até o fim. O mérito da líder de audiência foi ter apresentado uma estimativa de público para a concentração da Avenida Paulista semelhante à da PM, que desta vez bateu com a previsão dos organizadores – de pouco mais de um milhão de pessoas.
             Incoerência na multidão – Boa parte das pessoas que foram às ruas no domingo protestar contra a corrupção, usava camiseta amarela da CBF, sem ligar para o fato de que a CBF é um dos grandes símbolos da corrupção no país.
            Enquanto isso, pelo Brasil afora – Terça-feira de manhã, ladrões levam uma carga de 14 toneladas de dinamite que estavam sendo levadas de caminhão, sem escolta, do interior de São Paulo, para uma mineradora de carvão em Criciúma, Santa Catarina. Os jornais informaram que o motorista do caminhão estava mancomunado com a quadrilha – Força Nacional de Segurança segue para o Rio Grande do Norte para tentar deter a onda de rebeliões em vários presídios do estado. Resumo da história: todos os presidiários do país devem estar se perguntando: porque só nóis, uai?

 
José Cardoso (Cardozão)

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