23/05/2019

A Gigantesca Paisagem Lunar do Brasil


        Pense no gramado do Pacaembu ou num campo de futebol qualquer que você conheça; agora multiplique esse quadrado por mil, eu disse por MIL. Esse é o tamanho da área que formou durante mais de duas décadas a PAISAGEM LUNAR BRASILEIRA. Permaneceu assim, estéril, cheia de veneno, por mais de 20 anos. É o resultado da mineração a céu aberto em Siderópolis, uma graciosa cidadezinha do Sul de Santa Catarina.
         
        Foi o serviço da Marion, uma dragline utilizada pela CSN - Companhia Siderúrgica Nacional na mineração a céu aberto. A CSN retirou o minério, encheu as burras de dinheiro e se mandou. Deixou a Paisagem Lunar como testemunha de seu crime na extração do carvão mineral.
         
        É um retrato do “jeito de ser” da mineração no Brasil. O Ministério Público passou quase 20 anos brigando para conseguir que a CSN e várias outras mineradoras promovessem a reestruturação do solo, que antes da mineração era fértil.
         
        Atenção Mariana e Brumadinho(MG): a mineração do carvão no sul de Santa Catarina trouxe grandes benefícios apenas aos mineradores; os municípios ficaram com migalhas. O IDH de Santa Catarina, na média dos municípios, figura entre os mais altos do Brasil. Já nas pequenas cidades do Sul do Estado – Siderópolis, Urussanga, como exemplos  o IDH está entre o baixo e o baixíssimo. Única exceção no sul catarinense é Criciúma – IDH acima da  média do estado – mas porque o município diversificou sua indústria. A cidade tem um dos maiores pólos de cerâmica do país e também um avantajado pólo de confecções.
         
        Resumo da ópera: os municípios brasileiros que dependem da mineração para sobreviver devem inventar, urgentemente, outras fontes de renda. Não é recomendável ficar dependentes de uma só atividade especialmente se for uma atividade de mineração. Esta é capaz de matar de câncer (Paracatu - MG, Kinros), de pneumoconiose (mineração do carvão, sul de Santa Catarina), soterrar de  lama pessoas, animais, rios e matas nativas  (Mariana e todo o Vale do Rio Doce-MG) para depois ir embora com as burras cheias de dinheiro e sem se importar  com os problemas que deixa para trás. São histórias que se repetem à exaustão neste Brasil varonil.