05/10/2016

Alckmin e Dória no dia de caçar emu!

        Pessoas que se definem como “esquerda autêntica e incorruptível” (?) chamam a dupla Geraldo Alckmin/João Dória, respectivamente governador do Estado de São Paulo e prefeito eleito da cidade de São Paulo, como representante da direita. Não demora muito vão compará-la a Donald Trump ou quem sabe ao sírio Bashar al-Assad, o que será uma vilania.
        Temos de estar preparados: os petistas e as pessoas que encarnam os resíduos ideológicos do PT ainda vão demorar um longo tempo para digerir a derrota avassaladora sofrida nestas eleições. Como lembrou o site “O Antagonista”, o eleitor extirpou o PT da política brasileira. O site rememorou que, em 2008, Lula havia exortado o eleitor a extirpar o DEM da vida pública brasileira.
        Mas, voltemos à dupla Alckmin/Dória... Os paulistas tiveram tempo de conhecer Geraldo Alckmin a ponto de saber que ele não é de direita; é um democrata e liderança antiga de um partido que representa a Social Democracia (PSDB) no Brasil. Não se envolveu até agora em casos de corrupção, não mandou a polícia espancar professores, como fez seu colega de partido, Beto Richa, governador do Paraná.
        Nasceu em Pindamonhangaba, cidade do Vale do Paraíba (SP) em novembro de 1952 e tem, portanto, 63 anos de idade. Ali, chegou a exercer sua formação de médico acupunturista. Na política, era vice do governador Mário Covas, que faleceu de câncer, no exercício do segundo mandato.
        Geraldo Alckmin é, portanto, um democrata, nada mais que isso. E como tal sonha em ser candidato a presidente em 2018, uma aspiração mais do que legítima.
        José Simão, colunista do jornal Folha de S. Paulo, quis aplicar-lhe o apelido de “picolé de chuchu”, pela falta de carisma e seu jeito discreto de fazer política, mas não colou. No resultado dessas eleições, em que seu pupilo, João Dória, elegeu-se prefeito de São Paulo em primeiro turno, nocauteando o prefeito Paulo Haddad (PT) e a veterana Marta Suplicy (PMDB), percebe-se que de “picolé de chuchu” ele, Geraldo Alckmin, não tem nada. Está mais para picolé de creme com cobertura de chocolate...

EMPRESÁRIO DE SUCESSO

        Não há nada também que possa vincular o empresário João Dória à Direita ou qualquer rótulo que o valha.
        Ele é conhecido por ser um empresário de sucesso no segmento de eventos, realizados aqui e no exterior. Ganhou notoriedade com a coordenação de um Fórum de Lideranças empresariais e manteve durante muitos anos um programa semanal de televisão onde entrevistava empresários e beldades.
        Demonstra sempre sintonia com o pensamento dos líderes empresariais brasileiros e sabe o que é mercado. Quando viu a viola em caco, Lula declarou: “Não acredito que a população de São Paulo vai eleger um Fernando Collor...” E continuou: “Minha mulher, Letícia, foi bombardeada pela imprensa porque comprou um casal de cisnes para dar de presente para os filhos... A casa desse cidadão vale 50 milhões, quer dizer, esse dinheiro daria para comprar um milhão de casais de cisne”.
        A mesma TV que gravou a fala de Lula foi ouvir João Dória sobre as críticas que recebeu: “Deixa o Lula falar à vontade, eu prometo que vou visitá-lo em Curitiba”, fulminou o prefeito eleito.  

DIA DE CAÇAR EMU

        Dentro do programa de Dória na TV, em todas as edições, é aberto um espaço para o consultor empresarial Luiz Almeida Marins Filho fazer seu comentário semanal. Sei que os dois – Dória e Marins – são muito amigos, além de parceiros televisivos.
        Já assisti a duas palestras de Marins, antropólogo de formação. Se o prefeito Dória aplicar em sua gestão apenas 10% do que Marins ensina, fará talvez a melhor administração que São Paulo já teve.
        Os ensinamentos são muitos e eu mesmo já abracei vários deles na minha carreira de executivo em empresas de Comunicação (Agência Estado, Gazeta Mercantil, Grupo RIC). Seria impossível falar de todos eles num artigo. Escolhi um, fundamental, que versa sobre a importância de manter o foco em administração.
        Recém formado em antropologia, Marins foi conhecer a Austrália para observar a cultura aborígene. Viveu alguns meses numa comunidade e foi incluído como membro de uma expedição que sairia para caçar emu, ave australiana de grande porte, assemelhada ao avestruz.
        Foi escolhido para ser um dos rastreadores, ou seja, alguém que segue na frente e, avistando pegadas do emu, grita para chamar os caçadores.
        Em menos de uma hora de caminhada, Marins disparou o primeiro alarme. Correram todos para conferir e o jovem rastreador ganhou sua primeira reprimenda:
        - Isto não é rastro de emu, é rastro de canguru!
        - Que ótimo, revidou Marins, então aqui tem canguru, bicho que tem uma carne tão saborosa quanto a do emu, por que não podemos caçar canguru?
        A sugestão deixou a todos ali indignados. Fizeram Marins sentar-se num tronco e, um a um, todos integrantes da expedição repetiram exaustivamente em sua frente:
        - Hoje é dia de caçar emu, emu, está entendendo? Outro dia a gente sai para caçar canguru...
        Dória, em meio à floresta gigantesca de problemas da cidade, saberá como manter o foco dentro da intenção de administrar São Paulo como se administra uma empresa de grande porte... Basta lembrar-se que dia de caçar emu, é dia de caçar emu...

  -----------------------------------------------------------------------------------------
* Precisamos expulsar a Samarco da mineração brasileira. Assine o abaixo-assinado  pelo link:
-----------------------------------------------------------------------------------------


Alckmin e João Dória

Luiz Almeida Marins Filho

Emu

Desastre de Mariana

Nenhum comentário:

Postar um comentário