Em menos de dois meses, mais
precisamente no dia 2 de outubro, os brasileiros voltarão às urnas para
escolher novos prefeitos e um total de 60.320 vereadores para seus 5.561 municípios. É a eleição mais importante
do País e, ao mesmo tempo, a mais desprezada.
O país não se permite eleger com calma, prudência e sabedoria prefeitos e vereadores que receberão como dever administrar as cidades e prover a seus habitantes educação, saúde, segurança e uma série de outros benefícios que vão do asfalto ao ônibus, do esgoto à água tratada, do metrô à estação rodoviária, do lazer à biblioteca, etc. etc. etc.
Por falar em sabedoria, tudo a partir destas eleições tornou-se ainda mais rápido, superficial e, digamos, menos sábio. Tudo é pensado para atender as conveniências, muitas vezes escusas, de senadores e deputados. Este ano, com a ridícula “reforma eleitoral” aprovada em Brasília, os brasileiros irão votar ainda mais no escuro, sem conhecer nada do que seus candidatos pretendem realizar. Mal conseguirão perceber boa ou má fé.
Não me venham dizer que a lei da ficha limpa excluirá os candidatos de “má fé” ou “más intenções” porque isto é bobagem. Está pra nascer uma lei que consiga barrar os candidatos de má fé, pois esta é muitas vezes invisível e há sempre mil conchavos e artimanhas para burlar qualquer iniciativa que tente coibir o roubo e a desonestidade.
É bem em função disso que as convenções partidárias que servem para escolher candidatos, já realizadas em obediência à nova legislação, lembraram, de Norte a Sul do País, verdadeiros butins onde estiveram presentes todos aqueles que pretendem viver à custa do erário público nos próximos quatro anos.
Posso ser injusto com muitos, que me desculpem os poucos que costumam ficar de fora desse círculo tenebroso, mas essa é uma realidade insofismável!
CAMPANHAS MAIS CURTAS
O tempo de campanha (90 dias) já era curto e, agora, com o que é chamado de “mini-reforma” da lei eleitoral, tornou-se ainda mais curto (45 dias). Não sei – e nem quero saber – o que se pretendeu com esse encurtamento.
O que sei é que nunca foi dado tempo suficiente e nem criados mecanismos de aproximação eleitor-candidato para que os brasileiros conheçam a fundo quem vão eleger e o que os eleitos vão realizar com o dinheiro que lhes cabe gerir. Todos nós, que sempre votamos meio no escuro, votaremos este ano numa escuridão ainda maior. Mal saberemos o nome dos candidatos e, em muitos casos, a que partido pertencem.
Votaremos sem saber se são casados, se têm filhos, se têm formação acadêmica, onde trabalham ou trabalharam, o que pensam do divórcio, da multiplicação das igrejas evangélicas, de investimento em ciência e tecnologia, dos deveres e direitos da cidadania, da acessibilidade nas malhas urbanas do país, da inflação, do impeachment da Dilma, da cassação do mandato de Eduardo Cunha, do efeito estufa, da internet, etc.
Numa época em que tudo passa pela inovação, votaremos sem saber se nosso novo prefeito será capaz de inovar.
DEMOCRACIA AMERICANA
Fala-se nas diferenças entre o formato eleitoral americano e o brasileiro, mas é raro que as diferenças importantes sejam apontadas. A principal diferença é a da estabilidade da legislação eleitoral americana: eles lá fazem as coisas que devem ser feitas de uma só vez e pronto; mexeu uma vez, não mexem mais.
A Constituição dos EUA foi aprovada em 1789; de lá para cá, sofreu apenas 27 alterações, a maioria das quais para restringir os poderes do Estado e aumentar o direito dos indivíduos. Desde 1954, o Colégio Eleitoral é composto por 538 assentos.
No Brasil, ao contrário, mexe-se a toda hora e geralmente quanto mais mexem, mais pioram. Aqui, a ordem parece ser a de distanciar o eleitor dos candidatos, dentro de uma lógica maquiavélica: quanto menos conhecido for, mais é possível mentir sobre si mesmo, enganar, esconder a má fé, as reais intenções.
Nos EUA, o embate entre candidatos e o eleitor é longo e intenso. Como o voto não é obrigatório, os candidatos são obrigados a se expor, demonstrando com grande força “quais as vantagens que você vai ter votando em mim”.
Não será por mero acaso que eles conseguiram construir talvez a Democracia mais funcional e estável do Ocidente.
O país não se permite eleger com calma, prudência e sabedoria prefeitos e vereadores que receberão como dever administrar as cidades e prover a seus habitantes educação, saúde, segurança e uma série de outros benefícios que vão do asfalto ao ônibus, do esgoto à água tratada, do metrô à estação rodoviária, do lazer à biblioteca, etc. etc. etc.
Por falar em sabedoria, tudo a partir destas eleições tornou-se ainda mais rápido, superficial e, digamos, menos sábio. Tudo é pensado para atender as conveniências, muitas vezes escusas, de senadores e deputados. Este ano, com a ridícula “reforma eleitoral” aprovada em Brasília, os brasileiros irão votar ainda mais no escuro, sem conhecer nada do que seus candidatos pretendem realizar. Mal conseguirão perceber boa ou má fé.
Não me venham dizer que a lei da ficha limpa excluirá os candidatos de “má fé” ou “más intenções” porque isto é bobagem. Está pra nascer uma lei que consiga barrar os candidatos de má fé, pois esta é muitas vezes invisível e há sempre mil conchavos e artimanhas para burlar qualquer iniciativa que tente coibir o roubo e a desonestidade.
É bem em função disso que as convenções partidárias que servem para escolher candidatos, já realizadas em obediência à nova legislação, lembraram, de Norte a Sul do País, verdadeiros butins onde estiveram presentes todos aqueles que pretendem viver à custa do erário público nos próximos quatro anos.
Posso ser injusto com muitos, que me desculpem os poucos que costumam ficar de fora desse círculo tenebroso, mas essa é uma realidade insofismável!
CAMPANHAS MAIS CURTAS
O tempo de campanha (90 dias) já era curto e, agora, com o que é chamado de “mini-reforma” da lei eleitoral, tornou-se ainda mais curto (45 dias). Não sei – e nem quero saber – o que se pretendeu com esse encurtamento.
O que sei é que nunca foi dado tempo suficiente e nem criados mecanismos de aproximação eleitor-candidato para que os brasileiros conheçam a fundo quem vão eleger e o que os eleitos vão realizar com o dinheiro que lhes cabe gerir. Todos nós, que sempre votamos meio no escuro, votaremos este ano numa escuridão ainda maior. Mal saberemos o nome dos candidatos e, em muitos casos, a que partido pertencem.
Votaremos sem saber se são casados, se têm filhos, se têm formação acadêmica, onde trabalham ou trabalharam, o que pensam do divórcio, da multiplicação das igrejas evangélicas, de investimento em ciência e tecnologia, dos deveres e direitos da cidadania, da acessibilidade nas malhas urbanas do país, da inflação, do impeachment da Dilma, da cassação do mandato de Eduardo Cunha, do efeito estufa, da internet, etc.
Numa época em que tudo passa pela inovação, votaremos sem saber se nosso novo prefeito será capaz de inovar.
DEMOCRACIA AMERICANA
Fala-se nas diferenças entre o formato eleitoral americano e o brasileiro, mas é raro que as diferenças importantes sejam apontadas. A principal diferença é a da estabilidade da legislação eleitoral americana: eles lá fazem as coisas que devem ser feitas de uma só vez e pronto; mexeu uma vez, não mexem mais.
A Constituição dos EUA foi aprovada em 1789; de lá para cá, sofreu apenas 27 alterações, a maioria das quais para restringir os poderes do Estado e aumentar o direito dos indivíduos. Desde 1954, o Colégio Eleitoral é composto por 538 assentos.
No Brasil, ao contrário, mexe-se a toda hora e geralmente quanto mais mexem, mais pioram. Aqui, a ordem parece ser a de distanciar o eleitor dos candidatos, dentro de uma lógica maquiavélica: quanto menos conhecido for, mais é possível mentir sobre si mesmo, enganar, esconder a má fé, as reais intenções.
Nos EUA, o embate entre candidatos e o eleitor é longo e intenso. Como o voto não é obrigatório, os candidatos são obrigados a se expor, demonstrando com grande força “quais as vantagens que você vai ter votando em mim”.
Não será por mero acaso que eles conseguiram construir talvez a Democracia mais funcional e estável do Ocidente.
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* Precisamos expulsar a Samarco da mineração brasileira. Assine o abaixo-assinado pelo link:
Desastre de Mariana
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