21/06/2016

Maldito dia em que trocamos a Olivetti pelo teclado!

       Tendinite? Já tive. De tanto escrever em computador, o nervo do braço (no meu caso, foi no direito) se contraiu , se retesou, encurtou e eu passei a sentir aquela dorzinha chata com a qual tive de conviver por meses. Doem a mão e o punho, algo extremamente desagradável. Chama-se LER (Lesão de Esforço Repetitivo).

        A cura vem pela fisioterapia, pois é preciso repuxar o nervo atrofiado, devolvê-lo à sua condição anterior. Curei-me sem querer: fui jogar boliche por três ou quatro vezes.
        Ao segurar a bola de boliche com a ponta dos dedos e depois arremessá-la repuxei o nervo com força, como nos exercícios de fisioterapia. A bola de boliche pesa de seis a sete quilos. O tempo de longas e dispendiosas terapias foi sensivelmente encurtado.
        No momento, sinto que o computador me passou um outro mal, bem mais grave. É o que os médicos começam a chamar de "Síndrome da Visão do Usuário de Computador”, ou “a Doença dos Olhos Secos”.
        Depois de passar mais de cinco horas trabalhando no computador, levanto-me zonzo, com os olhos embaçados, ardentes, doloridos, como se tivessem sido levados à exaustão. Como tenho a vista cansada (“O tempo não pára”, já dizia Cazuza!), mandei fazer  óculos especialmente para trabalhar no computador (meio grau a menos que meu déficit de 2,5 graus). Alivia, mas não resolve.
        Hoje, encontro-me num estágio avançado da síndrome: mais fortes, potencializados, os sintomas aparecem com 15 a 20 minutos de uso; antes, demoravam de quatro a cinco horas para surgir.
        A internet já tem extenso volume de informações sobre essa síndrome, que ataca de 75 a 90% dos usuários de computador.
        Os sintomas são estes (eu já sinto todos eles): olhos irritados ou vermelhos, coceira, olhos ressecados ou lacrimejamento, cansaço ocular, sensibilidade à luz, dificuldade de conseguir foco, visão de cores alteradas e halos ao redor dos objetos, visão embaçada ou dupla.
        O problema surge porque o computador exige muito de seus olhos.
        As imagens do monitor são formadas por "pixels" ou minúsculos pontinhos nos quais os nossos olhos não conseguem manter o foco, necessitando "focar e refocar" continuamente. Isto provoca um "stress" dos músculos oculares.
        Longe do computador, você pisca 26 vezes por minuto. Diante do computador, pisca de seis a oito vezes. O ato de piscar lubrifica os olhos. Ao reduzir o número de piscadas, os olhos ficam ressequidos e aí começa a série de complicações.
        A maneira de evitar a síndrome é dar tréguas aos olhos enquanto trabalha no computador: iluminar com luz incandescente o ambiente de trabalho, piscar mais vezes, descansar as vistas por cinco minutos a cada hora, sair da frente do computador por alguns momentos, olhar por instantes a paisagem pela janela.
       
MAIS E MAIS DOENÇAS
        O celular e seus aplicativos (que não param de se multiplicar) já são responsáveis pelo aparecimento de outras síndromes, como, por exemplo, uma que é chamada de Síndrome do Smartphone.
        O smartphone é um dos dispositivos eletrônicos que mais conquistaram usuários no mundo. Estimam-se que mais de 4 bilhões de pessoas tenham pelo menos um  aparelho, que só falta falar com Deus.
        Por um Smartphone, você fala com uma ou mais pessoas a qualquer distância, realiza operações financeiras, transfere e recebe imagens (inclusive, em movimento), paga e recebe contas, etc etc etc... e ponha etc nisso porque a cada hora são disponibilizados novos e novos aplicativos. A indústria desenvolvedora é inesgotável e incansável.
        Os primeiros a sofrer são também os olhos. Isso ocorre porque a luz que estes dispositivos emitem vai deteriorando a visão. A luz dos celulares é aproximada o mais possível dos olhos.
        É um constante bombardeio de luminosidade que destrói, irreversivelmente, as células fotossensíveis da retina, ocasionando distúrbios graves da visão.
        Usar o smartphone por várias horas sem descanso leva a ter fortes incômodos musculares em áreas como as costas e o pescoço.
        Não saber dar a ele um uso moderado e tê-lo nas mãos até na hora de dormir é arriscar a saúde e sofrer de tensão e dor nestas partes do corpo.
        Os fisioterapeutas que estudaram estes comportamentos revelam que a postura que a maioria das pessoas adota ao usar estes aparelhos não costuma ser a mais adequada.
        Diante disso, eles recomendam fazê-lo sentados em uma cadeira, usando ambas as mãos e com o dispositivo apoiado na mesa.
        Utilizar somente o polegar ou um só dedo da mão para manipulá-lo aumenta o risco de ter tendinite.
        A dependência que estes dispositivos criam aumenta a sensação de depressão, ansiedade, estresse e outros estados emocionais que afetam a vida privada, social e profissional da pessoa.

PREÇO ALTÍSSIMO
        Já dizem que esses problemas são o preço que temos de pagar pelas facilidades que o computador e os celulares nos oferecem. O diabo é que ninguém garante que os problemas que ainda enfrentaremos pelo uso intensivo do computador serão apenas estes. Algo me diz que isto tudo é apenas o começo. Muito mais doenças virão com o tempo.
        São razões já suficientes para refletirmos sobre a qualidade das trocas que fizemos na virada do século. A deliciosa máquina datilográfica (nunca ouvi dizer que ela transmitisse alguma doença) cedeu lugar ao teclado de computador que produz LER. E a tela do computador, que, por enquanto, ataca contundentemente os seus olhos, entra no lugar do papel, o material que a humanidade usa para consumir informações há mais de dois mil anos.
        Vivemos, contudo, sob o império da Lei de Murphy: se essas substituições tiverem de dar errado, darão errado. Não há nada mais a fazer para evitá-las.
        As novas tecnologias já alteram o comportamento das pessoas de alto abaixo.
        Todos ficamos menos propensos à escolha e muito mais receptivos a tudo o que nos mandam os desenvolvedores. Prestamos atenção apenas na funcionalidade.
        A realidade virtual é um segundo útero materno e é confortabilíssimo ficarmos imersos nela.
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Precisamos expulsar a Samarco da mineração brasileira. Assine o abaixo-assinado  pelo link:









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