Saiu do teleprompter, danou-se ! Os apresentadores da notícia no Brasil
estão longe, muito longe, de alcançar a performance dos âncoras
norte-americanos, os melhores do mundo em improvisos diante das câmeras. Aqui,
ninguém escapa do crivo rigoroso do telespectador, nem mesmo o poderoso e
desinibido Wiliam Bonner, editor, apresentador e âncora do mais importante
noticioso da emissora-líder de audiência, o Jornal Nacional, que ainda esta
semana foi obrigado a pedir desculpas por haver dito que um hacker, que
conseguiu penetrar no sistema de um avião , “tinha cara de maluco”.
Aqui na província tupiniquim custam a entender que ninguém que esteja a
serviço de uma TV tem o direito de interferir de modo desrespeitoso numa
informação. Ser âncora não significa ter o direito de falar o que quiser sobre
personagens e fatos. Há que respeitar as pessoas e os telespectadores.
É essa obrigação que traz uma fieira de outros deveres a apresentadores,
e jornalistas. O jornalista, que é jornalista, não pode fazer publicidade de
nenhuma espécie. Ainda recentemente escrevi um pequeno artigo para dizer que
certos personagens, como Pedro Bial e Fátima Bernardes, ele apresentador do
símbolo de futilidade da TV brasileira, o BBB, e ela dona de um programa matinal
de entretenimento com o seu nome, a rigor deram por encerrada sua até próspera
carreira jornalística ao optarem por fazer o que fazem hoje. Com o agravante de
que ambos decidiram faturar alto com publicidade, ela fechando um contrato
milionário com um fabricante de mortadela e outros embutidos condenados por
nutricionistas como alimento de cardíacos
e diabéticos, e ele, entre vários outros, com a líder de vendas em
automóveis.
Posso estar
enganado, mas a Globo ainda poderá pagar, lá na frente, um preço bem alto pelo
excesso de liberdade que dá a seus atores, jornalistas, apresentadores. Essas
coisas vão corroendo a credibilidade da emissora até o dia em que ela será
forçada a parar para por ordem “no galinheiro”. É inimaginável que a
emissora-líder trabalhe sem um código de ética que passe a enquadrar a todos – atores,
atrizes, apresentadores – e que determine o grau de liberdade que as pessoas
que tiverem vínculo empregatício sejam obrigados a seguir. E talvez o momento
de impor um código seja agora, antes que ela seja desbancada da condição de
líder.
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