Campinas dia 24 de julho de 2013. Estou na mesa de cirurgia do
Hospital da UNICAMP e fui submetido a uma cirurgia de revascularização com
implantação de duas pontes de safena e uma mamária.
Para isso, os médicos "desligaram" meu coração e
pulmões, conectando-me a uma máquina de circulação extracorpórea por mais de
duas horas.
Com isso, os riscos de eu ter um acidente aumentaram
vertiginosamente... Foi o que aconteceu: uma placa de gordura tapou um dos
vasos do cérebro e eu apaguei! Foi um acidente isquêmico que é, segundo os
médicos, menos grave que o hemorrágico.
Um dos médicos que me assistiram chegou a prever para minha
mulher, Susana, que a paralisia de meu lado direito (braço e perna) era
irreverssível, não voltaria mais a andar. Não sei exatamente o que aconteceu,
mas meu organismo mostra disposição de contrariar as previsões mais sinistras.
O movimento da mão e do braço já retornaram, embora os médicos não gostem de
fazer previsões, parece certo que eu estou na iminência de voltar a andar.
Três dias após a cirurgia meus familiares podiam comemorar o meu
restabelecimento bem razoável. Recuperei a fala, raciocínio, memória, humor e
restou-me a paralisia do braço e perna direita.
Ao longo da vida estudei com certa profundidade a comunicação dos
médicos com seus pacientes. Guardo comigo alguns apontamentos para sugerir aos
profissionais da saúde de modo geral dicas para uma boa comunicação sobretudo
na transmissão de más notícias. Num determinado momento aconselho os médicos:
“a comunicação da má notícia não abre espaço para mentiras e nem tampouco para
a verdade pronunciada com aquele distanciamento próximo da crueldade”.