02/10/2015

Governar é escolher

        Atribui-se a Pierre Mendès France, primeiro ministro francês no período que vai de 18 de Junho de 1954 a 23 de Fevereiro de 1955, a frase “governar é escolher”, uma verdadeira bússola a nortear o poder em todo o planeta. É necessário, entretanto, complementá-la para deixá-la uma perfeição: “governar é saber escolher”, eu a diria.
        Os assessores escolhidos com sabedoria ficam, deixam marcas características por onde passam, dão contribuições sempre notáveis ao espaço que ocupam; os governantes passam mas os “bem escolhidos” permanecem para sempre no imaginário das pessoas beneficiadas. São eternos.
        Quero, com isto, propor alguns exercícios de memória ao leitor: alguém sabe dizer o nome dos 39 ministros da Dilma? Tente ainda lembrar-se de apenas 10 deles. Se não trabalhar no governo ou conhecer a lista por obrigação, não há brasileiro que alcance a façanha – talvez se lembre do nome de dois ou três, mais pelo mal que fizeram que pelas contribuições que deram ao Brasil e aos brasileiros. Eu mesmo, que sou jornalista da velha guarda, lembro-me de cinco nomes, se tanto. Nenhum pelo bem que tenham feito, exceto Afif Domingos, que criou o programa do empreendedor individual, um sucesso, verdadeira bolha em meio à turbulência da crise em geral.
        Afif, que assumiu uma pasta castrada, manietada, foi talvez a melhor escolha da Dilma. Os demais nomes estão na minha memória pelo mal que fizeram – e ainda fazem – ao Brasil e aos brasileiros. Cardoso, da Justiça, teve o desplante de tentar uma reunião secreta com os advogados das empreiteiras envolvidas na Lava Jato; Mercadante, hoje o grande inimigo do Lula, fez cocô sobre a biografia ao encomendar um dossiê falso sobre José Serra; Mercadante, de volta agora ao Ministério da Educação, ficará no imaginário de quem viveu esta época, de reinado petista, como o homem que encomendou um dossiê falso para tentar destruir um adversário.
        Lembro-me também de Joaquim Levy e Nelson Barbosa, um desastre, dois tecnocratas contumazes conduzindo a economia num período de morro acima. Já defendi a imediata demissão da dupla em artigo anterior. Quem sabe, agora Lula ou o PMDB, façam por ela o que ela não teve sensibilidade para fazer. A dupla chega a ser pior que a solução Guido Mantega, o primeiro grande erro das escolhas de Dilma.
        O grande culpado da situação em que vivemos chama-se, contudo, Luiz Ignácio Lula da Silva. Foi ele que escolheu Dilma. Fora os mistérios que devem existir na relação entre os dois, sabe-se que Lula a escolheu pela capacidade de se impor a empresários e outros poderosos da República; é verdade, ela se impôs a todos que dependiam dela quando responsável pelo setor elétrico, como exemplo; se impunha por ameaças. Estive com vários empresários do setor elétrico nesse período e constatei: Dilma para eles era um bicho mais feio que o capeta.
        Esqueceu-se seu criador que nenhuma liderança se impõe pelo medo e sim pelo respeito. São coisas tão diferentes quanto a água e o vinho.  


(Afif Domingos, única boa escolha de Dilma, posto para fora do governo nesta "reforma" ministerial)

2 comentários:

  1. Estimado e querido amigo Dirceu Pio, uma tarde e um final de semana abençoado e cheio de boas energias a você e sua bela família. Pio, concordo consigo, no que tange a sua colocação, sobre o ex-ministro Guilherme Affif Domingos, empresário competente e homem de visão; porém "extremamente vaidoso e algumas vezes até arrogante". Pio, digo-lhe isto com conhecimento de causa, pois conheco o ministro . O ex-ministro, forçou seu ingresso, no Governo Dilma, qdo foi alijado do Governo Alckimin, e ficou sem espaço politico, ai Dona Dilma, para afrontar o Governador Alckimin, convidou o ex-ministro, agora desempregado. Nesta hora sua vaidade não contou pontos. Abs. Cláudio Nogueira.

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  2. Obrigado, Cláudio- Também conheço o Afif e sempre o achei arrogante, mas a obra é que importa, né ?

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