29/06/2015

Tese frouxa de Reinaldo Azevedo

Em artigo publicado sexta-feira, 26 , no jornal Folha de S. Paulo, o famoso blogueiro Reinaldo Azevedo, inimigo número um dos petistas, que ele chama de Petralhas, condena o juiz Sérgio Moro pela prisão de Marcelo Odebrecht e outros empreiteiros, prisão  que ele considerou discricionária e arbitrária. Desde o governo de Getúlio Vargas que as empreiteiras pintam e bordam com o dinheiro do Brasil impunemente. E quando aparece alguém para prender alguns peixes graúdos das mil maracutaias armadas contra os interesses da sociedade na Petrobras, eis que surge um “paladino” da Democracia para enxergar “discricionarismo” no gesto corajoso de um juiz. Pode?
A gramática da lei, caro jornalista, está desatualizada. Ela serve para proteger os interesses de uma minoria poderosa que há muito tempo permanece acima das leis e acima de qualquer suspeita. Temos de corrigi-la, torná-la mais democrática, mais direta e clara. A democracia brasileira carece de uma grande reforma da Justiça. O Estado de Direito, entre nós, é apoiado por uma legislação muitas vezes inadequada, que favorece quem tem dinheiro para pagar bons advogados e desfavorece os despossuídos que são vítimas de grandes injustiças da lei e da organização judiciária. O Brasil talvez seja o país em que o rito judicial tenha a maior possibilidade de recursos, geralmente protelatórios, para que a Justiça se coloque o mais distante possível de quem precisa dela.
Dizer que a apuração da roubalheira na Petrobras deve  ser feita sem coações é agir com a mesma ingenuidade que eternizou o grande poderio das empreiteiras no Brasil. O mecanismo da prisão preventiva, usado para prender Odebrecht e outros cidadãos que sempre se mantiveram acima das leis neste país, é antigo. A lei que o prevê, o artigo 312 do Código de Processo Penal, autoriza a prisão por vários motivos, entre os quais a possibilidade de o suspeito, uma vez em liberdade, ter condições de destruir provas que o incriminam.
É isso, a essência da lei, que importa. E esse objetivo pode ter sido muito bem atingido com a Prisão de Odebrecht e outros poderosos. O blogueiro, contudo, inflama seu”elevado espírito democrático “ perguntando por que a OAB  não toma providências contra as arbitrariedades cometidas  por um juiz .
Não tenho procuração para defender a entidade, mas diria que ela tem mais o que fazer ao invés de ajudar a blindar os empreiteiros. Poderia, por exemplo, ser mais rigorosa em apurar os casos de corrupção que envolvem seus associados, um abismo que separa,  muitas vezes, os cidadãos brasileiros da Justiça que fazem por merecer.


(Reinaldo Azevedo, o paladino da democracia) 

25/06/2015

A hora e vez da credibilidade.

Tese frouxa de Reinaldo Azevedo

Em artigo publicado sexta-feira, 26 , no jornal Folha de S. Paulo, o famoso blogueiro Reinaldo Azevedo, inimigo número um dos petistas, que ele chama de Petralhas, condena o juiz Sérgio Moro pela prisão de Marcelo Odebrecht e outros empreiteiros , prisão  que ele considerou discricionária e arbitrária. Desde o governo de Getúlio Vargas que as empreiteiras pintam e bordam com o dinheiro do Brasil impunemente. E quando aparece alguém para prender alguns peixes graúdos das mil maracutaias armadas contra os interesses da sociedade na Petrobras, eis que surge um “paladino” da Democracia para enxergar “discricionarismo” no gesto corajoso de um juiz. Pode?
A gramática da lei, caro jornalista, está desatualizada. Ela serve para proteger os interesses de uma minoria poderosa que há muito tempo permanece acima das leis e acima de qualquer suspeita. Temos de corrigi-la, torná-la mais democrática, mais direta e clara. A democracia brasileira carece de uma grande reforma da Justiça. O Estado de Direito, entre nós, é apoiado por uma legislação muitas vezes inadequada, que favorece quem tem dinheiro para pagar bons advogados e desfavorece os despossuídos que são vítimas de grandes injustiças da lei e da organização judiciária. O Brasil talvez seja o país em que o rito judicial tenha a maior possibilidade de recursos, geralmente protelatórios, para que a Justiça se coloque o mais distante possível de quem precisa dela.
Dizer que a apuração da roubalheira na Petrobras deve  ser feita sem coações é agir com a mesma ingenuidade que eternizou o grande poderio das empreiteiras no Brasil. O mecanismo da prisão preventiva, usado para prender Odebrecht e outros cidadãos que sempre se mantiveram acima das leis neste país, é antigo. A lei que o prevê, o artigo 312 do Código de Processo Penal, autoriza a prisão por vários motivos, entre os quais a possibilidade de o suspeito, uma vez em liberdade, ter condições de destruir provas que o incriminam.
É isso, a essência da lei, que importa. E esse objetivo pode ter sido muito bem atingido com a Prisão de Odebrecht e outros poderosos. O blogueiro, contudo, inflama seu”elevado espírito democrático “ perguntando por que a OAB  não toma providências contra as arbitrariedades cometidas  por um juiz .

Não tenho procuração para defender a entidade, mas diria que ela tem mais o que fazer ao invés de ajudar a blindar os empreiteiros. Poderia, por exemplo, ser mais rigorosa em apurar os casos de corrupção que envolvem seus associados, um abismo que separa,  muitas vezes, os cidadãos brasileiros da Justiça que fazem por merecer. 


20/06/2015

Falta ainda a punição do Brasil

Desta vez, Neymar está fora de uma competição importante para o Brasil por problemas disciplinares; Cabe ao técnico da Seleção Brasileira, Dunga, aplicar a ele outra punição, a punição dos brasileiros amantes do bom futebol – o jogador deveria ser dispensado imediatamente da delegação e mandado para casa. Seria o modo à disposição do técnico para dizer a ele que não pode brincar desse jeito com o sentimento do povo brasileiro.

E mais: passar pelo menos mais duas convocações sem chamá-lo; e na terceira convocá-lo, mas para a reserva. Ou o menino cresce, assume a responsabilidade de craque ou deixará de cavalgar na Seleção Brasileira. Não pode a Seleção servir de trampolim para um moleque, irresponsável.

18/06/2015

A imaturidade de Neymar

Alguém precisaria dizer ao menino Neymar que um ídolo não se completa apenas marcando Gols. É preciso um pouco mais que isso. Também não se completará nunca com agressividade. Futebol não é boxe e nem taekendo.
Ele, dizem os cronistas esportivos, ficou irritado com as vaias que a Seleção Brasileira recebeu da torcida após o jogo amistoso contra a Guatemala. Chovia, as duas seleções apresentaram um péssimo espetáculo e, ensopada, a torcida estava proibida de vaiar. Pode?
A crise de vedetismo havia sido contida pelo pai ainda quando o garoto, antes de completar 18 anos, teve um “piti” em campo após um jogo e foi responsável pelo golpe de misericórdia a um técnico do Santos, com reclamações públicas e impiedosas contra a orientação que recebera. Depois que o pai chamou sua atenção, o público presenciou  o surgimento de um outro Neymar,muito mais tolerante com técnicos e amigos, muito mais educado e menos arrogante.
A fama na carreira meteórica parece ter-lhe subido novamente à cabeça. Talvez o pai tenha de lhe aplicar mais um  bom corretivo. Resta saber que autoridade o pai conseguiu preservar sobre ele depois de tanto dinheiro conquistado pelo trabalho do filho, na condição de seu empresário. É dinheiro que pode ser juntado a rodo.
A história de pai e filho parece um conto de fadas. Graças à habilidade estupenda do menino para o futebol ambos saíram de uma condição de pobreza em Santos para viver uma fase de fortuna e glória no exterior, tudo dentro de um tempo incrivelmente rápido que não permitiu grandes reflexões. Foi viver e viver, desfrutar e desfrutar, a bordo de um cometa chamado Barcelona. A transação financeira que o levou para a Espanha ainda está sob investigação. Aguardemos pois para conhecer o desfecho.
Se coubesse a mim dar uns conselhos ao rapaz eu diria que ele precisa sintonizar-se melhor com a realidade brasileira, de dentro e de fora do futebol. A seleção brasileira subscreveu um passivo na malfadada Copa jogada em terras nacionais que está longe de ser pago. O povo está carente de tudo, inclusive daquela auto-estima que o futebol de Garrincha, Pelé, Zico, Falcão, Gerson, Ronaldo, Romário e Sócrates sempre lhe proporcionaram. Ele tem o direito de vaiar e de protestar quando vai ao estádio, compra ingresso, toma chuva e não vê futebol, só vê um bando de peladeiros chutando de lá para cá, e daqui para lá, sofrivelmente.
O passivo não será pago com vitórias de um a zero e futebol sofrível. E menos ainda com derrotas do tipo essa, contra a Colômbia, onde não se viu futebol. Vimos apenas o gênio briguento do rapaz, arrogante, nervozinho, agressivo. O passivo aumentou bastante depois dessa partida contra a Colômbia. Não se tem mais esperança de que ele possa ser reduzido nesta Copa América.  Será pago com ginga, cadência, gols desconcertantes, enfim, com o estilo do futebol brasileiro e que Neymar representa com galhardia e não com grosseria, mal humor, biquinhos, caretinhas, má vontade e agressividade. Se vaias houver, menino, saiba suportá-las com a mesma elegância de quem vence e marca gols  espetaculares. Seja mais tolerante se não com os colegas ao menos com o futebol que já lhe deu régua e compasso, além de muitas outras coisas.
Pede para seu pai lhe contar como foi a Copa de 82 em que o Brasil não ganhou , mas voltou para casa como se tivesse ganhado, tal a qualidade e a beleza do futebol apresentado em todas as partidas. Uma Copa perdida com Telê Santana pode valer por quatro ou cinco conquistadas por Parreira, Zagalo, Felipão ou Dunga. Pense nessas coisas e abaixe um pouco o facho, meu rapaz. Humildade (não muita) e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Arrogância é a atitude mais indesejável, atitude dos pobres de espírito, dos mal agradecidos.

Nunca se esqueça de jogar bonito e não dê muita importância a quem critica suas gracinhas com a bola, tudo vai passar e elas, as gracinhas, vão ficar para sempre no imaginário do público que lhe quer bem. Só não decepcione a galera com máscara ou arrogância. Se o meninozinho quer um autógrafo seu numa bola, vá até ele e dê a assinatura, não permita que o Dunga vá em seu lugar.


13/06/2015

Um banco à venda

Os controladores resolveram por à venda o HSBC brasileiro, o sucessor do Bamerindus, o qual representava o sonho de uma família paranaense – os Vieiras – de ter um grande banco fora de  São Paulo onde nasceram e floresceram os grandes impérios bancários do país. O Bamerindus nasceu em terra paranaense e nela permaneceu até transformar-se num banco que chegou a disputar com BRADESCO e ITAÚ a hegemonia dos depósitos bancários e outros símbolos da grandeza bancária nacional.
“O tempo passa, o tempo voa, mas a poupança Bamerindus continua numa boa, numa booa”, o jingle com uma musiquinha graciosa embalou o Paraná durante anos a fio, até que a maioria da população sentisse orgulho de ter dado origem a um banco capaz de concorrer com os grandões paulistas, Itaú e Bradesco. O Bamerindus nascera como casa bancária no chamado Norte Pioneiro do Paraná, no município de Tomazina (1929) – nome que foi inventado para homenagear o fundador do Bamerindus, Tomás Avelino Vieira.
Mas havia um acidente de avião no seu caminho e o sonho dos Vieiras não conseguiu ultrapassá-lo, pois morreram nele (julho de 1981) os dois Vieiras mais importantes da organização – o presidente, Tomás Edson de Andrade Vieira e  o vice-presidente, Cláudio Enoch de Andrade Vieira , junto com os filhos mais velhos, um de cada um. Foi uma tragédia de grande porte na linha sucessória do banco.
O comando foi então passado a José Eduardo Andrade Vieira, que se encontrava  meio no limbo, posto pelos irmãos para administrar uma pequena corretora nos EUA. José Eduardo assumiu o comando em meio à grande consternação. Não demorou muito para revelar a faceta que seria responsável pela rápida ruína do império: sua exagerada ambição política, um território cheio de serpentes e que ele, “um caipira”, estava longe de dominar.
Fez alianças ruins tanto fora como dentro do Paraná. Nomeou um famoso empresário paranaense como “boss” da fábrica de papel do banco, demitiu-o algum tempo depois, e admitiu o erro com uma frase: “Imaginei que havia contratado um executivo e contratei um ladrão”. Elegeu-se senador pelo Paraná em 1992 e do Senado pulou para o Ministério da Agricultura a convite do presidente Fernando Henrique Cardoso cuja campanha para presidente foi o principal financiador. Como ministro, começou a articular sua candidatura a presidente da República. Foi quando deu início a uma mistura explosiva que só podia dar naquilo que deu: política com dinheiro. O grande patrimônio da família Vieira foi transformado em pó com a incorporação do Bamerindus pelo HSBC em 1997.
Dali em diante, José Eduardo virou um “poço de mágoas”, recolheu-se à uma fazenda no interior do Paraná – das poucas que lhe sobraram entre as muitas que o banco possuía, repassou o jornal Folha de Londrina (que ele mesmo comprou em 1999) para as filhas, e saiu do circuito, até morrer em 1º de janeiro de 2015. Eu estive com ele várias vezes algum tempo antes da morte. Ele queria me levar para dirigir o jornal, mas infelizmente para mim, não conseguimos chegar a um acordo. Descobri então que ele tinha ódio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, “esse é um FDP”, dizia em alto e bom som sempre que alguém pronunciava o nome de FHC em conversas com ele.
Alguns meses antes de morrer ele deu, por telefone, ao repórter Evandro Fadel, então correspondente do Estado de S. Paulo, de sua fazenda em Presidente Venceslau, uma última entrevista acusando o governo de FHC de ter vendido o Bamerindus por 9 milhões de dólares, embora tivesse em caixa mais de 100 milhões de dólares.
O HSBC mundial está em crise causada por uma série de escândalos financeiros, mas o banco brasileiro está saudável e pode ser uma espécie de joia da coroa, numa trajetória que só teve dois ciclos virtuosos – o nascedouro em Tomasina e o desenvolvimento na fase em que os primogênitos de Avelino estiveram à frente do empreendimento e que durou até o acidente com o pequeno Sêneca numa planície próxima a Jaguariaíva, a capital do norte pioneiro do Paraná.

(Sede do HSBC no centro de Curitiba)


10/06/2015

Vôlei, a salvação do povo brasileiro!

De tanto ver o Brasil espancar a Austrália no Vôlei tive uma ideia salvadora da pátria. É a seguinte: os cartolas brasileiros deveriam acertar com aquele país, que já foi a paixão do Brizola, de mandar para cá as suas várias seleções de vôlei – mais uma masculina, duas femininas, outra juvenil; passaríamos o ano inteiro jogando vôlei contra a Austrália e espancando 5, 6, 8 vezes as suas seleções. Até enjoar.
Todas as partidas seriam patrocinadas pela Liga Mundial, que ninguém sabe direito o que é, nem onde fica, mas o nome, pronunciado com ênfase pelos locutores da Globo, impõe um respeito danado. Deveriam fixar algumas regras para tudo funcionar direitinho: a Austrália ficaria proibida de mandar cangurus em lugar de atletas e o Brasil estaria proibido de inscrever corruptos nos times, por maior que seja o desejo de “exportar” essa espécie e mandá-los caçar emu nos campos australianos.
As partidas seriam realizadas na maioria em território brasileiro, mas haveria aquelas, grandes finais de torneios e campeonatos, que seriam realizadas na Austrália sob o patrocínio de empreiteiras interessadas em contratar grandes obras no outro lado do mundo. E serão muitas, depois do envolvimento da maioria delas no escândalo da Petrobras.
ideia nos traria inúmeras vantagens, a começar pelo treinamento intensivo de nossas equipes de vôlei, que já são fortes, mas que depois desse enfrentamento contínuo das equipes australianas tornar-se-iam imbatíveis! Outra vantagem é que a auto-estima do nosso povo estaria sempre muito elevada, pois a concluir pelo desempenho da seleção australiana nessas duas dúzias de jogos realizados pela Liga Mundial entre as duas seleções – brasileira e australiana – não há o menor risco de perdermos alguma partida por sete a um. Ganharemos todas com certeza.
Outra vantagem é que o vôlei seria transformado no grande esporte nacional, mais popular que o futebol. Está mesmo na hora de o povo reduzir sua atração doentia pelo futebol, que só traz frustrações e imensas decepções. Os brasileiros, enfim, deixariam de contribuir tanto para encher o bolso dos Marins, Blatters e todos os parasitas e chupins grudados na FIFA e na CBF. Essa gente é que nem soca de capim, a gente corta, ela nasce de novo.

Em tempo: depois de estreitarmos no máximo possível as relações com o país dos cangurus, poderíamos também oferecer a bom preço know-how para montagem de um partido operário, com todas as vantagens que isso pode trazer ao país; quem sabe não recuperaríamos ao menos uma partezinha do que o nosso partido nos roubou?    

(Que tal mandarmos os nossos corruptos caçar Emu na Austrália?)

06/06/2015

Liberdade para Marin

Gostaria de produzir uma grande mobilização mundial para conseguir a liberdade de José Maria Marin, o santo. Menos mal que ele esteja preso na Suíça, onde, mesmo numa cela de 12 metros quadrados, é tratado a pandeló. Afinal, Suíça é Suíça!
De que o acusam? De ter roubado dinheiro da FIFA e da CBF, não sei direito e nem pretendo descobrir. De quem é o dinheiro dessas entidades? É do futebol. Não poderia haver dono mais abstrato. Mais abstrato que o dono do dinheiro do Vaticano, que dizem que é a Igreja ou o Papa, não sei.
Tenho visto à distância o noticiário da TV sobre o que se passa na FIFA, culminando com a renúncia de Josef Blatter. Não consigo imaginar como o roubo na FIFA ou na CBF pode me atingir, exceto quando o Bicho-Homem extrapola. De repente, surgem informações de que o direito de sediar a copa do mundo virou uma espécie de moeda, permutável, por exemplo, por armas. Algo abominável.
Durante essa turbulência toda, prisões, renúncia, roubo pra cá, roubo pra lá, desenvolvi uma tese que gostaria de propor nalgum fórum mundial: acho que o dinheiro dessas entidades – FIFA, CBF, Vaticano – deveria ser uma espécie de “boi de piranha”, oferecido aos ladrões e corruptos de todo o mundo; todos poderiam nadar de braçada nessa grana mediante a condição de deixarem em paz o dinheiro do povo, que é juntado para financiar a educação, a saúde, a alimentação das populações – este sim um dinheiro com um dono nada abstrato.
A imprensa é implacável contra o velhinho Marin desde que foi flagrado surrupiando uma medalha que seria entregue a um atleta, não sei de que modalidade. Ora, que impiedade é essa? Para que servem as medalhas? Nunca vi nenhum atleta ostentar alguma medalha no pescoço, a não ser naqueles efêmeros momentos após a prova. Vão certamente sair do pescoço e migrar para o escuro das gavetas onde enferrujarão. Aconteceu comigo com todas as que ganhei nos torneios de bocha. Deveriam cunhar um porrilhão de medalhas e entregar para o velhinho Marin, ao invés de o criticarem tanto.
O dinheiro deve liberar o mesmo hormônio que as cadelas no cio liberam para enlouquecer os machos, com ou sem pedigree. Onde há grande ajuntamento de dinheiro podem contar com o assédio dos vira-latas de todas as nacionalidades. Foi assim na Petrobras, na CBF, na FIFA, no Vaticano. Aqui no Brasil, o cheiro de progesterona está em toda parte, e isso explica o crescimento da violência, a epidemia de corrupção, roubo atrás de roubo em todo o canto. Todos correm atrás do enriquecimento fácil.

Foi assim também com o nosso velhinho que pelo menos teve o cuidado de avançar sobre um dinheiro meio sem dono que, uma vez desviado, não deixará ninguém, em tese, na miséria ou morrendo à míngua por falta de atendimento médico ou hospitalar. É por isso que considero sua prisão uma tremenda injustiça.

(José Maria Marin)

02/06/2015

Desculpe, errei o alvo.

Na crônica anterior – A fábula do Rei-Barbudo – atribui a culpa pela série de calamidades que estamos enfrentando ao grande líder do PT. Tenho de pedir desculpas a meus leitores, refleti melhor e descobri que o “Rei-Barbudo” é inocente, não tem culpa pelo que é, pelo que diz e pelo que faz. O grande culpado pelos desmandos do PT é o Toledo; sim, o Toledo, é ele que deve ser responsabilizado por todo o mal que enfrentamos.
Mas quem diabos é afinal esse Toledo? Sei pouquíssima coisa a seu respeito, inclusive não afirmo com muita convicção que seu nome seja mesmo Toledo; pessoas iguais a ele adoram esconder-se atrás do anonimato para cumprirem a missão pela qual se acham predestinadas, a de atacar todos aqueles que se insurgem contra o Rei-Barbudo, seu ídolo incondicional.
        Descobri a existência do Toledo por mero acaso, publiquei a crônica da Fábula no blog do meu amigo Zé Beto, mídia já tradicional de Curitiba e fui olhar alguns minutos depois e lá estava Toledo – o Predestinado – a me atacar.
Como disse, sei pouca coisa a respeito dele, pude erguer algumas conjecturas baseado no teor daquilo que me escreveu; deduzo que ele é hipocondríaco, pois considera a farmácia popular uma das grandes obras de seu ídolo inexpugnável; deve morar nas cercanias de Curitiba porque pela rapidez de sua reação vive  plugado no blog do meu amigo Zé Beto. É com certeza daqueles tipos de pessoas que encaram o PT como algo que vai muito além de um partido político, uma seita, algo talvez mais forte que isso. Não há o que fazer para levar gente da espécie do Toledo a admitir que o PT tenha cometido erros, nem um pequeno errinho.
Lembrei-me de uma história que se passou comigo nos meus tempos de morador de Curitiba, é a história de um amigo muito querido – hoje nem tão querido assim – Zelão (nome fictício) ,que encantou-se pelo PT desde o nascedouro da seita lá no ABC paulista. Zelão e a sua esposa adoravam o PT, ambos não perdiam uma só reunião do partido, na época em fase de desenvolvimento.
Um dia, um outro amigo chega para mim e assopra no ouvido:
- Você que é grande amigo do Zelão guarda essa informação com você;  um líder do PT está comendo a mulher dele. Os membros do partido protegem a adúltera; o casal chega para a reunião do partido e o pessoal fica distraindo Zelão na frente enquanto os dois escapam sorrateiramente e vão lá para trás fornicar.
Não consegui guardar a informação por muito tempo, não me agüentei; chamei Zelão a um canto e, olho no olho, contei-lhe toda a história. E caprichei naquela parte da proteção da mulher , pensando com meus botões, ‘esse aí vai fugir do PT como o diabo foge da cruz’. Enganei-me redondamente, aí é que Zelão mergulhou de cabeça na seita. Ainda vive em Curitiba e não perde um evento do partido de jeito nenhum, seja realizado em qualquer lugar do país; tempos depois foi à posse em Brasília do Rei-Barbudo à presidência e patrocinou a viagem para seu sogro.
Fiz questão de contar essa história para que todos compreendam melhor a gênese do petismo. Todos devotam apoio incondicional à seita – incondicional – e liberam seus líderes para fazer o que quiser, podem roubar, matar, estuprar, corromperem, e estarão de antemão perdoados, não há nada que possamos fazer para demovê-los.
Suponho que todos meus leitores estejam curiosos para saber o que Toledo me escreveu .Eis o seu  comentário:

“TOLEDO -29 de maio de 2015 às 13:29 - Nossa, quanta PT-Fobia.
O bom mesmo era se o Aécio, aquele trabalhador, e netinho preferido tivesse ganho (sic) a eleição. Ou quem sabe em 2018 o Picolé de Chuchu ou ainda o Príncipe, aquele que tem um AP de 10 milhões de Euros em Paris. Será que mestre Pio não quer entrar na Globo e fazer o programa com aquele menino o Mainardi e aprender uma ( sic) pouco mais a andar pela direita? Mas o ilustre Ex deve ter na família alguém estudando com dinheiro do FIES ou pagando consignado e recebendo remédios da Farmácia Popular.”