19/12/2015

Mariana: saldo tenebroso!

        A mídia – jornais, TV, sites noticiosos – já começa a esquecer o MAIOR DESASTRE AMBIENTAL da história do País de modo que Mariana (MG) vai ficar lá, destruída, violentada, pisoteada, enlameada e logo mais ninguém vai se lembrar dela, como se nada tivesse acontecido. A vida seguirá “normal” em toda parte, a presidente continuará no cargo a prometer punição drástica aos infratores, as entidades ambientalistas farão mais reuniões se comprometendo a salvar a TERRA da destruição, todos se esquecerão de que um País que não consegue salvar um rio deveria ter vergonha de revelar suas pretensões de salvar o Planeta.
        As informações sobre as multas já aplicadas à SAMARCO são desencontradas e não é de todo improvável que ela mesma, a empresa, ajude a espalhar notícias desencontradas com o objetivo de confundir a opinião pública e, assim, mais uma vez, conseguir escapar ilesa, sem nenhuma punição.
        A verdadeira punição para a monstruosidade que ela cometeu é a cassação de sua outorga de mineração, como pede o abaixo-assinado: https://www.change.org/p/cassem-a-outorga-de-extra%C3%A7%C3%A3o-mineral-da-samarco

        Ainda é cedo para fazermos um balanço da destruição causada pelo MAIOR ACIDENTE DA HISTÓRIA DO BRASIL. Já se  sabe, por exemplo, que a lama da SAMARCO fez desaparecer para sempre algumas espécies de peixe endêmicas, ou sejam, encontradas apenas no Rio Doce; há também algumas espécies de plantas só encontradas nas matas ciliares desse rio e que foram duramente atingidas; entre estas, estão o jacarandá-cabiúna, a braúna e o palmito. Segundo o Ibama, a lama causou a destruição de 1.469 hectares de mata nativa.
        Segundo a revista Época, os animais continuam assustados na região da tragédia. Muitos morreram, muitos se feriram e alguns chegaram a ser "petrificados" pela lama ressecada de rejeitos de minério.
        Um grupo de ONGs e voluntários dos direitos dos animais, no entanto,  tenta resgatar a maior quantidade de bichos possível. Eles se uniram ao Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA) para tentar arrecadar recursos e organizar melhor esse atendimento, crucial para a saúde dos animais.
        ÉPOCA conversou com Vania Nunes, diretora técnica do FNPDA, sobre esses esforços. Segundo ela, 300 animais foram resgatados. Veja trechos da entrevista:

ÉPOCA - Como funciona a operação de resgate dos animais em Mariana?

Vania Nunes - Eu estou em contato com a doutora Ana Liz Bastos, da ONG Associação Ouropretana de Proteção Animal, que é parte do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal. Ela foi para lá na noite do acidente, e realmente a situação era bem crítica. Logo que eles chegaram, não puderam entrar, estava tudo molhado, sujo, tinha a Defesa Civil. Quando amanheceu, algumas pessoas já vinham com animais. Esses foram os primeiros a ser atendidos. Tinha cachorro, galinha, passarinho, gado. Os animais estavam muito assustados, muitos sujos, alguns feridos. Elas prestaram esses primeiros atendimentos. No começo, os animais foram para o centro de zoonose de Mariana, que era o local mais próximo. Os que tinham dono, à medida que as pessoas foram realocadas em casas ou hotéis, os donos levaram. Mas para você ter uma ideia tinha cavalo, porco, galinha, não tinha como as pessoas levarem todos.

ÉPOCA - Houve um atendimento inicial, de emergência? Qual era o estado dos animais?

Vania Nunes - Eles estavam muito assustados. Se foi uma cena dantesca para as pessoas, também foi para os animais. Eles são capazes de perceber que aconteceu uma coisa muito ruim. Quando a água desceu, estava muito fria. Então a primeira coisa foi hidratar os animais e tentar aquecê-los. Tirar a lama, que estava ressecando, ficando dura que nem uma pedra. Limpar, porque aquele minério pode ser absorvido e intoxicar o animal. Se eles estavam bem, em ordem, já recebiam vacina, vermífugo, coleiras. Mas não vai achando que os animais eram todos dóceis, calmos, é só pegar e ir embora. Às vezes tem trabalho para abordar o animal, porque ele esta com medo, assustado. Tem que ser uma ação multiprofissional. Sem isso, você não consegue fazer nada.

ÉPOCA - O foco do resgate é em animais domésticos, certo?


Vania Nunes - Animais domésticos não são só os de estimação. Porcos, galinhas, gado, são muito importantes para as famílias. Lá é uma região rural, que tinha grande quantidade de animais. Um dia salvaram um monte de galinhas, vieram com elas debaixo do braço. No domingo, foram resgatados cinco cavalos. Muitos animais, principalmente bois e cavalos, ficaram presos na lama. A lama foi endurecendo e eles ficaram solidificadados ali, vivos. Muitos animais precisaram ser eutaniziados ali, infelizmente. A situação é caótica. As pessoas falam "é gato, cachorro", mas não é só isso. É muito importante, pra quem tem uma galinha, tem um porco, e aquilo é uma fonte de subsistência para ela, ter certeza que aquilo é um recurso que ela ainda tem, porque elas perderam tudo. Isso pode ser uma forma de ajudar essa pessoa a pensar que ainda tem perspectiva de recuperar de alguma forma a vida que tinha.

(Animais salvos no desastre de Mariana)





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